terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Café de natal

  Aqui dentro está tão quieto que posso ouvir meu coração bater, poderia; poderia se o barulho infernal de lá fora não chegasse aqui. Estão todos comemorando, embebedando-se, sendo humanos. Estou começando a me sentir só.
  É uma merda se sentir só, é mais merda ainda quando estão todos felizes lá fora. Esse cheiro nojento no ar,   essas pessoas nojentas por todo lado e esse barulho infernal. Acho que estou ficando velha e rabugenta. É natal, natal é uma merda.
  Mas não estou rabugentando por causa do natal, estou me sentindo só. Não me sinto nada bem, uma ressaca emocional. Estou vomitando meus últimos cafés, acho que os últimos cinquenta. Mas não importa o quanto eu vomite, acho que meu estômago sempre terá gosto se café. Eu odeio café.
  Estava chovendo, eu amo quando chove e eu não preciso sair; a chuva apaga todas as alegrias superficiais e enquanto embaça os vidros mostra sentimentos que não percebíamos que estavam ali. 
  Não quero falar nada. Acho que vou tomar um pouco de café, até me embebedar, até não ser mais natal. E logo depois vou vomitar, vomitar uns cinquenta cafés, vou me sentir mal, não irei contar a ninguém, depois vou ficar só vendo a chuva cair, me lembrando que não tenho o que comemorar e me sentirei tão infeliz e vou tomar café... Eu odeio café.
  

sábado, 15 de dezembro de 2012

...

  Minha vida se passando em gotas, compondo meu pequeno oceano. Reflete o céu acima de nós, todas as estrelas que você pode ver daqui por lá passaram; mas poucas ficaram paradas para serem vistas do chão.
  E a música feita por luzes chamou minha alma, e, minha alma chamou meu corpo. Então, estava dançando águas e sonhos. Não parei até não haver mais som algum, minha platéia era apenas uma estrela e meia, as outras estavam em outros oceanos. E percebi ali, que não precisaria de mais nada.
  É muito maior que nós, os céus e os oceanos, mas maior ainda é tudo o que não se vê e se sente. Deixe seu oceano limpo para que possa refletir a sua estrela o brilho que se recebe, tão limpo que se veja dois céus.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Nhé Nhé

  Não sei porque faço o que fiz. Um sentimento tão infantil, carente por qualquer atenção.

  "Há um psicopata dentro dessa casa, ele vai matar todos você." O que você faria? E se ele fosse você ou não? E se você soubesse quem fosse? E se não fosse ninguém?

  Somos escravos de nossa personalidade.
  Quebre o círculo.
  O que fazer?! Eu não quero ser como eu sou.
  Agora eu só quero fugir e fugir, por uma rua infinita, correndo até cair no chão sem forças. Fugindo, fugindo, fugindo de mim. Corra, maldita, corra. Foge dessa sujeira que você é.

  Meu corpo estirado no chão, duas gotas de suor frio caem. Minha irmã gêmea, uma sombra, sob meu corpo. E as pessoas passam, como se eu não existisse. Alguns pisam no meu corpo, outros desviam, mas ninguém olha. Tiraram uma foto minha com a multidão cega; vão usá-la para falar sobre a falta de compaixão humana, mas ninguém atrás da câmera fez algo. O que há de errado com o meu corpo?
  Eu comecei a chorar; porque você pode sangra até morrer, só vão se importar se você chorar. Chorei como uma criança, todos me olharam, me deram um palco, agora eu faço o show, todos me olham emudecidos pisando em todos os corpos vivos no chão. Eu falei de quando era um, e a compaixão humana aumento: agora olham para eles enquanto os pisoteiam ou desviam. O importante é que não sou mais parte do solo.

  Queria ouvir pensamentos de homens bons e de maus. Queria saber o que falta em um e onde o outro se esconde.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Neve

  Meus pés incessantemente me levando ao que eu fugia. A estrada destino foi um pouco cruel. E agora ando para frente, só que de costa. Meu corpo dói, tem sido uma jornada cansativa. Olho as montanhas cheias de gelos e histórias, um cenário lindo, mas frio. E tudo o que levarei disso são as memórias.
  Eu vim de tão longe, não me lembro de onde, era quente. Eu senti tanto medo quando acordei, mas eu só podia caminhar. E agora olhando tudo o que já andei e sem ver o que me aguarda, parece-me tão próximo um fim. E vendo daqui de cima não me parece tão ruim.
  A vida é uma merda, tão cruel, injusta. Um barco de areia num astuto lago, se desfazendo lentamente, desesperando tudo, tudo morre. As memórias não, mesmo que ninguém mais se lembre.
  Tudo faz silêncio na mente, então fecham os olhos e agem como um animal ou um computador. Então mais um passo, mais um remorso. Por essa estrada se anda de costa, e de costa é mais fácil tropeçar. No fim estamos dependendo de um tropeço para evitar o outro.
  E quando chegarmos? Pulamos de volta?
  Não se sabe quando se acaba.
  Tudo é uma merda.
  O fim é tão perto do começo, tão longe para meus pés. Só me lembro que eu era pequena, e achava que as coisas seriam pequenas quando fosse grande, então anda ao meu modo achando que construiriam estátuas à minha forma e o mundo era como eu imaginava, mas tudo é tão frio.
  Agora, tudo tão sereno, fechei meus olhos e parei de andar. Acho que já nascemos mortos, nos julgando tão vivos. Começou a nevar, a neve tão simpática, mata tão silenciosamente. Suas mãos quentes, ela parece com suas mãos quentes, mas é tão fria. Eu nunca vi a neve, devo estar dormindo.
  Voltei a andar. Tão devagar, me despedindo de cada segundo passado. Estamos todos morrendo.
   Queria morrer em suas mãos quentes.
  A neve cai devagar.
  E lá vem o sol.
  A neve cai, e não para.
  Você está tão frio.
  A neve cai sobre nosso corpo.
  E sob meus pés uma vida.
 

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Esse não é o meu nome

  Nada em harmonia, tudo é barulho. O mesmo barulho infernal em outros tom, por todos os lugares, me perseguem. Eu odeio tudo isso.
  Calem a boca! Uma criança chorona e uma velha rabugenta, não vêem que são tolas? Oh, calem a boca, eu mandei calar a boca! Parem! Parem! Vocês me enlouquecem! Calem a boca agora! Mas vocês não conseguem se enxergar? São duas almas aprisionadas em um corpo instintivo. Calem a boca, não consigo me ouvir.
  Calem a boca e ouçam! Isso é um portão? Talvez seja o inferno se abrindo para nós. Estamos condenadas, mas há uma promessa. Talvez não haja nada. Parem de brigar, guardem essa voz para para gritar enquanto queimamos. Calem a boca! Mas que merda...
  Eu não consigo vê-lo mais, acho que já se foi. Disseram que ele sempre estaria comigo, mas ele já se foi, eu acho. Não sei, estou com vergonha de procurá-lo, acho que ele já se foi... Ele não irá voltar depois, perdi a confiança dele, eu acho. Mas eu ainda o amo, queria tê-lo aqui, queria ser ele.
  E você garotinha, pare de querer agrada á todos, isso é irritante. E mande essa velha maldita parar de me cobrar as coisas, eu não posso.
  Este não era o fim que eu desejava para nós. É tão triste ver tudo no chão, tudo é tão errado, parasse tão distante. E quem se orgulharia de mim agora? É frio e sozinho, a realidade. E é tão tolo, tão primitivo. Queria ficar sozinha no frio. Não era assim, não era assim que imaginei.
  E essa é a saída? Mais promessas? É só o que consegue pensar? Ah, me desculpe. A culpa não é sua. Mas hoje eu quero ver o meu rosto sem demônios no espelho.
  Agora elas se calaram, acho que está pior que antes. É mais fácil ouvi-las brigar do que ter que me ouvir. E onde achar fé? Onde está ela? Sinto falta delas, dela, de mim. Onde me encontrar? Está tudo tão vazio...
  Acho que era isso que eles falavam. Acho que experimentei isso, é como uma bolha de sabão, tão linda e tão vazia.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Desculpe-me

  Devo desculpa pela minha falta de compreensão com você. Também, não sei como lhe acalmar. Não te entendo muito bem, mas eu te amo mesmo assim.
  Peço que tenha um pouco de paciência comigo, acho que vivi alguns traumas, não é nada com você, só tenho medo de algumas coisas se repetirem. Mesmo sabendo que você é tão diferente de todos do meu vergonhoso passado, e sabendo ainda, que você é tão doce comigo e nunca me machucaria, eu tenho medo. Desculpe, isso não sobre você, espero que compreenda.
  Às vezes, à noite, me pego pensando em coisas surreais e irreais, amanheço confusa e me emudeço. Acho que preciso chorar mais um pouco ou algo assim. Os pensamentos são sempre os mesmo, acho que estou presa à algumas coisas não resolvidas. Mas isso não é sobre você. Se eu pudesse te contar algumas, me sentiria tão melhor.
  Faz tempo que não pronuncio algumas palavras, mas elas estão me sufocando na minha mente. Eu não aguento andar levando essas bagagens inúteis. Já faz um tempo que você é meu único alívio. Acho que sinto a sua falta...
  As coisas estão melhores agora. O seu amor tem sido o meu alimento. E todos os dias eu me sinto tão errada, eu te amo, acho que não te satisfaço. Peço desculpa. Eu queria te ver sorrindo do mesmo modo que antes. Me sinto tão impotente.
  Eu tenho medo. Por favor me compreenda, eu não estou fazendo isso porque... Bem, eu não tive nenhum bom modelo ou experiência. Mas eu te amo, espero ter deixado isso claro. Eu prometo estar ao seu lado até que o infinito acabe.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Nuvens nos olhos

  O cheiro que a chuva deixou foi-me tão nostálgico. Vivi tantos dias na chuva, não sabia nem do que estava lembrando. É tão estranho o modo que a chuva deixa tudo tão cinza. E agora é quase dezembro, e a chuva de dezembro me é a mais nostálgica.
  Lembro dos meus aniversários na chuva, sempre chovia, lembro que meus olhos choviam também; não sei bem o motivo, deve ser algo do sótão da minha mente. Uma das melhores lembranças da chuva foi uma dança, um pouco desajeitada e tímida, foi um bom momento.
   Às vezes tudo está tão sujo e aí vem ela, mostrando que se pode lavar tudo. E onde eu estaria agora se não pudesse me lavar?
  Sinto a falta de algumas gotas, elas já se evaporaram. Esse ciclo é tão triste, mas ela irá voltar e novas lembranças talvez evaporizarão as velhas.
  Eu queria tanto voltar aos anos que eu ainda era pequena demais para entender o porquê. E saber.
  Ainda me sinto em um labirinto infernal, e eu peço chuva, às vezes eu paro e respiro, me sufoco, não queria estar aqui. Chova novamente, chova! E é tão difícil dizer. Me calo e peço que chova, mas se eu voltar molhada para a casa minha mãe vai brigar.
  Que a água me afogue então, me sinto tão morta. Talvez eu devesse parar. Eu não sei, eu só choro, sempre choro. Me sinto tão só. É dezembro e eu queria ser feliz. Me sinto tão triste. Porquê? Sempre chove, mas nunca é o bastante. Então cale as portas do sótão. "Fique quieta garota, você já é uma mocinha!" Me sinto tão só. Queria ser um menino. Meninos podem ser idiotas, porque homens são idiotas. Mulheres são oportunistas e meretrizes, e uma meretriz bem sucedida sabe se comportar.
  Porque eu nunca fui bela? Porque sempre me repreendem? Eu queria ser como elas. Eu queria ser uma aprendiz de meretriz. Uma escreva de elogios e espelhos, eu só queria ser bela. Mas só chove no meu aniversário. E ninguém se lembrou. Acho que me tornei uma escrava conformada. "É dezembro, lá vem o natal!" Eu só queria que alguém se importasse. É dezembro e eu estou chorando sozinha no meu aniversário, eu não sou bela, eu não sou uma garotinha doce. Estou olhando a chuva, acho que é a coisa mais linda que já me disseram.
  É, ela se lembrou, está sempre aqui, em todos os meus aniversários, a chuva nunca se esquece que é meu aniversário. Eu estou chorando com a chuva. É dezembro e ela se lembrou do meu aniversário.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Pôr

  Fazia um tempo que não pensava em você, desde o dia da minha morte. Mesmo assim, ainda dói, como se fosse ontem. E com todo mundo gritando o que devo sentir, me sinto confusa. E com quem eu falaria sobre as coisas que só eu entendo? Sinto medo quando lembro que as pessoas esperam atitudes minhas, acho que é melhor não decepcionar mais ninguém.
  Acho que estou mais frágil agora do que antes. Queria poder dizer isso à alguém. Está tudo pior que antes, e vê-la chorar tantas vezes em poucos dias... Acho que não aguento muito mais. Tentei pedir à Deus, mas acho que não me ouve, ou eu não entendo. 
  Não sei bem o que falar, mas só de tê-lo por perto me sinto menos só. Saudade. Agora eu sinto tanto a falta dele, como se não o visse à séculos. Eu quero chorar, só quero.
  Está tudo tão ruim, minha mente procura qualquer coisa que não me lembre a dor, não consigo me concentrar em nada por muito tempo. As vozes me dizem para ser forte. Mas meu rosto no espelho é tão feio, acho que ele reflete minha alma.
  Queria que ele pudesse ver meu lado bonito, mas não tenho muito o que mostrar. E acho que ele não vê nada, acho que ninguém vê nada, além da sujeira em minha roupa. É tão triste não conseguir se amar, e é ainda mais, quando parece que ninguém consegue também.
  Eu me sinto tão só. Eu sinto tanta vergonha de ver meu rosto no espelho, me sinto tão morta por ter poucas virtudes. Me sinto tão fútil, tão suja, tão só. Queria um sorriso espontâneo, e que ele dissesse que me ama e que sou importante. Isso me parece tão longe. Poderia ser melhor se eu me afastasse. Já me sinto tão só, não faria tanta diferença assim. É tudo tão belo lá fora...
  Me sinto tão só.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Tapera

  E mais uma vez se repete; um silêncio de medo e um profundo desejo que o inferno exista, apenas para ele queimar. Empurrei as lágrimas de volta aos olhos porque precisava parecer forte, ele é como um cachorro que mata todos que correm de medo. Fiz a cara mais tranquila que pude, me sairia melhor se meu corpo não estivesse tremendo ou se pudesse me defender fisicamente dele.
  Mas eu sei que dentro desse monstro existe um menininho com sérios problemas psicológicos. Ele acha que as pessoas eram objetos feitos para o adorar. Ninguém ia embora apenas porque não tinham para onde ir.
  E ela trai a si mesma. Eu a chamaria de covarde ou insolente, mas ela só faz isso para o bem de todos seus ovos. O pequeno ele às vezes se comporta como o grande. Eu não queria chamar isso de casa e nem de família.
  Imagino que tenho um lar perfeito, como daqueles comerciais de manteiga. Se pudesse fugir, já teria ido.
  Tudo o que posso fazer é não chorar e sonhar com o dia em que sairei da gaiola. Me sinto fraca e inútil.
  Amanhã tudo parecerá normal: direi coisas fúteis e esconderei em qualquer personalidade igualmente fútil. Porque por baixo de toda minha mesquinhez existe um menininha carente e medrosa. E ninguém verá como eu me sinto, enquanto eu puder aguentar.
  Me sinto tão só,
  diga que ainda me ama.
  Segure minha mão,
  Aja como se me protegesse...
  Como se me amasse.
  Me sinto tão só,
  Diga que está ao meu lado,
  Que sempre estará;
  Eu me sentirei melhor
  Se me mostrar que não estou só.
  É quando toda a proteção cai e nos tornamos vulneráveis que, podemos enxergar só o que é importante.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Doce chuva noturna

  Nada poderia ser melhor. Em meus braços te mantenho e você me mantém nos seus. E enquanto assim for, terá os mais divinos corpos celestes em toda noite, a chuva será suave e tudo o que olhar só me parecerá belo.
  Seria injusta se não agradecesse cada minuto por o ter aqui. E é extrema mentira dizer que não me sinto a pessoa mais feliz e sortuda que já houve. E sinto ainda medo, medo que qualquer alguém leve meu tesouro, o mais raro e valioso que já vi.
   Molhei seus ombros e você me transmitia paz, me mantive viva por seus lábios, senti conforto em te ver, e tantas boas lembranças vi ao seu lado, como se sempre te conhecesse. Espero que esteja sempre aqui, seria vazio se não.
   Meu coração está quente e minh'alma totalmente leve em saber que sou apenas sua. Sinto que te amarei todos os dias.

domingo, 21 de outubro de 2012

Até não

  Este é o meu adeus, que dou com a face nula e o coração apertado. Por uma folha e cinco ou seis lembranças você ainda esteve aqui. Mas já era tarde quando te afoguei em águas claras e joguei-te numa ruína sem esperanças.
  Era como manter vivo um corpo sem alma. Havia apenas tolices e medos. Porém isso foi ontem, e ontem é morto como você.
  Se alguém pudesse me ouvir me entenderia mal. Então conservei-me muda por algumas mentiras. Mas o que importa agora?! Somos duas retas paralelas agora.
  Igual a vestes lavadas. Agora tenho um pouco mais de paz. Como se sempre fosse assim. Agora não me dói os olhos ver as cores do céu. E enquanto as estrelas me iluminarem dormirei em braços mornos.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Manhã

  Olhe a chuva varrendo nossas vidas... Entupindo os ralos de erros, afogando nossas mentes. Quanto tempo dura um erro? Quanto tempo leva para nos perdoarmos? Quanto tempo demora para poder se olhar no espelho?
  E o sol, o tão esperado sol, voltará para nos queimar, e desejar que a chuva volte; pois nada está bom, nunca. A paz se vende em frascos caros de diamantes e esmeraldas, a paz transgênica. E quando vamos conseguir fechar os olhos e darmos as mãos?
  Eu te procurei por tanto tempo, por favor não vá embora. Fique ao meu lado enquanto faleço. Você é tão único, não se vá por favor. É tão confortável estar ao seu lado, seus lábios protegem de raios e chuvas, aquecem-me como o sol da manhã, faz-me sonhar como a chuva à noite e nostalgia-me como o pôr do sol.
  Poucas coisas em uma jornada são importantes, acho que se necessita apenas de uma companhia e de chegar o mais alto que puder de uma montanha. Pois a vista e os braços que te envolverão serão suas lágrimas de felicidade. Espero que a vista tenha o brilho que vejo em você.
  Vamos todos deitar embaixo de árvores e olhar suas folhas caírem em nossas faces, vamos olhar as nuvens que nos visitam em desenhos, e as flores que nos presenteiam com suas cores. Porque nada mais bonito já foi criado, do que tudo que sempre tínhamos.
  Acho que te amo.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Não finito

  Só fiquei aqui por um delírio e uma fé cega, mas agora estou começando a me questionar. E se esse universo infinito tiver fim, e se já acabou? Acho que ficarei aqui até que o último sol morra.
  E ouvindo toda essa sinfonia se acabando como uma guerra perdida; ainda não sei onde estou, se sou eu um projétil desperdiçado ou o motivo disso. E mesmo depois que todos os corpos se decomponham ainda estarei me perguntando a mesma coisa.
  E onde está você? Ainda se esconde embaixo do seu cobertor? Somos dois tolos: uma criança medrosa e uma sem face. Talvez ainda não criança, mas continuo no mesmo erro.
  Procuro algo em você, isso porque você é nada parecido com ele; você só se parece com você. Mas ainda sinto falta dele, deles; mesmo que nunca diga. Tenho medo que você também se vá, porque sua ausência é a mais insuportável. E pior que tudo isso seria apenas as sombras de um tempo atrás afastarem toda a luz que você traz.
  Do mesmo jeito que não consigo matar isso, também não posso pedir que você as mate para mim. Então o que eu faço? Se não consigo andar presa a correntes e com você me lembrando disso o tempo todo...
   E assistindo essas perfeições, é como se as paredes me xingassem gritando. Pois todo mundo parece-me tão mais bonito. Olho meu rosto e só vejo um espelho, espero um dia ser parecida comigo mesma, seja lá o que isso quer dizer.
  Quanto mais o amo, mais difícil é. Só me diga que estamos vivendo apenas o presente e volte a me proteger em seus braços. Feche os olhos e veja como sou hoje.
  Pois mesmo que tudo se desfaça, ou que tudo já tenha se acabado, ainda que as guerras sejam um projétil desperdiçado, ainda estarei aqui com você.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Donos das paredes

   A ausência era grande. E havia uma grade que me separa de algo que não podia ver, também havia um véu sobre minhas costas. Ouvi cinco ou seis marteladas em algo flácido, talvez não tenha ouvido nada. Me parecia tudo tão calado que podia ouvir qualquer coisa.
   Fiquei mais de horas falando com ele, talvez não tenha se passado mais que um minuto. Ele se chamava algo parecido com meu nome, ou talvez não tivesse nome. Lembro que ele tinha uma face como a minha, falava como eu, se mexia igualmente, ou talvez não fosse assim.
   Senti que o matei. Quando quebrei a película que nos separava, ele se dividiu em partes menores, eram um monte de mim ou ninguém me olhando. Só sei que ele era estranho, talvez fosse ela. Mas agora está morto, ou não tenha existido nunca.
   Mas não importa o que aconteça, eu e minhas meias-calças sujas estaremos sempre juntas!
   Apenas elas e eu. Mas ainda amo tudo o que nunca vi, ou porventura seja que tudo ainda não tenha me visto. Mas se verem acho que roubarão minha meias-calças. E prefiro que roubem minha vida, é menos importante que minhas amigas.
   Estou começando a pensar que olhar as paredes começa a roubar a sanidade. 
   Espere! Sinto que não estou viva. Mas quando foi que senti que estava? Posso já ter morrido. Mas ainda sinto que estou perdendo algo da vida, talvez esteja perdendo a vida olhando paredes. 
   O melhor de que talvez é possa estar morta é, que talvez esteja viva. E se estiver viva poderei olhar as paredes. Às vezes elas se mechem, mas não conte para ninguém, as pessoas não podem saber que paredes andam, se souberem trancariam-nas como fazem com pássaros. Eles se acham donos até de paredes!
   Mas ainda permaneço como nasci, não me lembro de ter nascido, talvez não tenha; porém existo. Não existo como uma parede, ou como um pássaro numa gaiola; exito como algo sem posse. Ainda assim estamos todos ligados como as linha de minhas meias-calças.
   Está tudo como ontem: o sol é o mesmo, e o azul encardido do céu também. As folhas nos chão estão tão mortas como ontem. E os sorrisos amarelos ainda são os mesmo... Acho que gosto mais do ontem, mesmo assim.
   O único bom do hoje é que talvez outra folha morra. Ou talvez as impossibilidades do ontem se tornem possibilidades; porque se não houve no ontem é impossível no ontem, e hoje não há regras até o dia terminar.
   

sábado, 18 de agosto de 2012

Aqueles outros olhos frios, novamente

   É, agora estamos aqui. O que eu posso dizer? Não somos tão opostos assim, e isso não importará, agora que você sabe todos meus pontos fracos. Apenas vá em frente; eu não me importarei com... Talvez.
  Acredito que isso só dói em mim. A mesma intensidade, só mudou o sentido. Ainda não entendo nada que você quer dizer, mas você também não entende o que eu ouço. É, agora estamos aqui. Acho que suas mãos só me ferem, talvez não fosse assim, mas é um erro mútuo. 
  Cerca de dois sonhos atrás eu estava feliz. Cheguei na extremidade, um pouco mais você veria minha real face; mas isso não vai acontecer, isso não pode acontecer. Talvez não saiba, mas por trás de toda essa frieza há carência. 
  Às vezes uma respiração destrói todo um império... Apena vá em frente, juro que não me moverei e nem pensarei em te atacar; talvez agora já seja sua vitória. Leve as memórias. Eu espero não me arrepender, mas não estou com vontade nenhuma de lutar, então apenas vá em frente.
   É, agora estamos aqui; e eu pensava que era mais forte. E agora eu não consigo te olhar sem que... Talvez, não agora. Mas quase... 
  É, agora estamos aqui. Um corpo e um rosto sem expressão. Duas paredes mortas e paralelas. Não seja aquele olhos frios. É, agora que estamos aqui é como um filme de antes. Apenas não vá em frente.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Desenho de lábios

   Não há lugar mais seguro que aqueles braços. E não há nada melhor do que estar com ele. Não há como existir coisa mais doce que suas atitudes, e nem momento mais feliz que não seja com ele.
  O dia mais feliz que vivi foi aquele que senti que ele seria meu eternamente. Todos os dias desejei isso. Ele é apenas como um momento perfeito, todos os momentos. E aqueles olhos de garoto tonto olhando para mim, foi a coisa mais apaixonante que já vi. Ele é um presente que nunca poderei retribuir, não importa quanto eu tente.
   Cada dia é como se apaixonar enlouquecidamente. Como fechar os olhos porque tudo está em paz. Como sorrir como idiota porque ele me deixa idiotamente feliz. Chorar de alegria às vezes, e se chamar de burra por sentir como se fosse uma criança boba e feliz.
  Ele me faz sentir  algo como andar de montanha-russa pela primeira vez. E nunca ouve tanta emoção em um suspiro. Suas mãos tão leves.... Às vezes me perco nos lábios dele. Lábios perfeitamente desenhados.  Lábios como um perfeito hipnotizador. No mundo, apenas a íris dele é mais bela do que aqueles lábios.
  Estar ao lado dele é igual a sentir que tudo no mundo é belo. E creio que ele faz isso.

Pedaço de perfeição

   Você tem o poder de esmagar meu coração quando faz aquele olhar triste. Ver te infeliz é como morrer lentamente. E esses seus lábios tão pacíficos, são como um violento mar; quando estão quietos e sem movimento algum são como terremotos em uma casa de vidro.
   Mas é uma paz inexplicável estar em seus braços. E a vontade de passar cada segundo ao seu lado, e morrer olhando teus olhos. O modo que você deixa em êxtase. Aquele seu jeito tão estranho e divertido que  só você tem. Seus jeito doce e perfeito, que é todo dia. Acho que amo tudo em você.
  Queria ser um pouco como você, queria te fazer sentir como você me faz sentir. Queria te deixar com essa felicidade de criança todo dia. Queria não cometer tantos erros, como você. Queria ter um pedaço da perfeição sua. Só pra não ter que partir olhando seu rosto triste. Só para não ter medo de ficar um pouco mais e acabar matando o que se ama. Só para não me sentir um fardo e um castigo para você.
   Acho que devo agradecer todo dia por ainda te ter aqui. E eu não sei como ainda não te afastei. Espero que você nunca se vá. Nada seria pior que te ver partir, apenas seria se partisse por minha culpa.
   Você é como uma balança que me leva do de uma agonia à melhor coisa que já senti. Tenho uma certa certeza que te amarei todos os dias, espero que seja recíproco.
 

sábado, 28 de julho de 2012

Olhos de terras

  Zumbidos ensurdecedores roubam todo o silêncio que a chuva trazia. Olhei para todos os lado e nada vi. Apenas manchas cinzas entre árvores mortas. E nada falava, apenas gritavam em todo lugar. Silêncio se fez e pude ouvir marchas como as soldados tortos. Senti que algo me matava.
 Meus olhos, a única coisa que ainda tinha cor ali. Cor de terra em dias vivos. Tive de medo que eles também morressem. Comecei a gritar incessantemente. Agudos e graves ao mesmo tempo. A agonia crescia a cada passo sem rumo, um labirinto aberto; sem paredes, sem obstáculos. Só me calei quando percebi que ainda restava um pouco de sanidade.
  Começaram a ranger. Todos rangiam. Todos quem? As árvores ou o cinza? Ouvi um choro humano bestificado, ao meio de medo e dor. Senti pontadas em meus olhos que perdiam a cor. Peguei um lápis negro e fiz uma porta no chão. Abri sem pensar duas vezes e, cai e cai.
  Cheguei ao chão vomitando sangue, sangue morto. Andei por uma estrada morta, vi rostos mortos me observarem, seus olhos me seguiam de forma morta. O medo dominou todo meu corpo, senti um sol frio. Luzes se acenderam como se alguém me aguardasse. Calei meus olhos.
  Senti que era por ali que devia seguir. Maldita intuição, que só me mata. Ouvi portões rangerem. Era o portal do inferno. Corpos imundos e de pessoas mortas tocavam meu corpo, como se quisessem minha alma.
  Fechei meus olhos. Os abri. Estava em meio a luzes brancas agora. Era quente e frio. Um calor úmido. Aquele instrumento desafinado não parava de tocar. Adormeci como um desmaio.
  Silenciou tudo. Dormi por sete dias, acordei como se não tivesse dormido. Surravam meus ouvidos com o silêncio. A ausência me deixou paranoica.
   Comecei a dançar como bêbada. Cores tomavam forma e som. Morri três vezes em uma.
   Tudo voltava a ficar cinza, era uma briga entre a dança insana e a morte. A escuridão tomou conta do meus corpo, começando da extremidades. Meus olhos foram os últimos a morrer. Dentro de mim voltei ao labirinto cinza. E repeti as mesmas coisas. Morri dos mesmos modos, senti o mesmo medo, cuspi o mesmo sangue, chorei velhas lágrimas, congelei o mesmo corpo, segui a mesma estrada.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Colher

  Cale a boca! Ao menos um minuto, por favor. Não consigo escutar o que meus olhos vêem. Que doce, essa sua cara; quase não senti vontade de te matar. Mas colheres não matam zumbis, foi apenas um sonho! Amigo ou não, ele vai morrer!
  Jurava que era verdade, até vi meu irmão. Ele nunca me deu uma arma. Quem sobrevive com uma colher no caos? Eu sobrevivi. Porque aquele cara gordo me ajudou. E nós jogamos a noite toda, até os zumbis voltarem, o pesadelo nunca acaba.
  Você disse que ia voltar, mas não voltou. Por que? Será que morreu? Poderia ter voltado para me dizer se morreu...
  Não sabia que eu podia matar amigos. Quando sou eu ou você, sou egoísta. Não pensarei duas vezes. Te matarei, com minha colher, mas te matarei. Talvez devesse achar uma arma.
  Disseram que era surreal. Mas achei bem real. Tirando a parte dos ursos na janela, isso era coisa da minha mente.
  Minha mãe mandou calar a boca, ela nunca me escuta. Porque é difícil acreditar que foi verdade. É medo? A sensação é a mesma...
  Apaguei tudo e fui dormir.
  De novo! Mais uma vez, eles voltaram para morrer. Ah, que merda! Estou cansada! É só o Sol se por e eles nos atormentam de novo. Odeio-os. Não posso sair de casa. Eles querem me matar. Mas até que é legal matá-los. Pena que se tem que limpar tudo de depois. Não sei quanto tempo vamos durar. Ainda precisamos nos alimentar...
  Talvez amanhã ele não vá dormir, e será dia o dia todo. Poderíamos ter nossa liberdade novamente.
 

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Nem sei

  Queria que agora fosse ontem. E ontem não tivesse existido. Mais um, só mais um medo. Longe da realidade, o que sinto agora é morte e só.
  E torcer para que as mentiras virem verdades. E que em vez de flores me tragam facas. Não enfeite meu túmulo, me tire dele.
  O que se tornou real, uma memória? Sombras de um passado ridicularizado pela platéia. A vida é um circo em círculo.
  A dor morre em um lugar para nascer em outro. Cada vez mais longe de você. Pleno medo.
  Não há silêncio. Caixas vazias. Não há silêncio em caixas vazias. Calem a boca! Vocês são meus escravos em minha mente, matarei um por um em minha mente. Mas só os baterei com sorrisos na vida real.
  Algumas vezes uma lágrima só basta. É importante para mim. Vasta ignorância. Mas ignorante é aquele que desconhece sua ignorância.
  Não faz sentido para mim. Trezentos sentimentos por segundo, me dão medo. Não controlo meus olhos...


quarta-feira, 30 de maio de 2012

Noite

  Só não quero ser quem sou.
  Faço tudo errado, meus erros erram. Quando acerto, eu erro. Sempre acho que eu sou o pior que poderia ser. Faça isso ir para longe de mim!
  Reprograme, reprograme! Leve isso para longe de mim! Eu te imploro. Só não quero ser isso hoje. Só não quero que as lágrimas voltem a embaçar minha visão.
  Estou numa cadeia de medos.
  Lágrimas são docemente salgadas. Fazia tempo que não provava seu gosto.
  Me leve para qualquer lugar longe da minha mente. Me tire das corrente que criei. Me sufoco com meus cabelos.
  E mais uma vez sou eu, sempre eu. A garota egoísta. Me sinto tão péssima, só não queria ser eu.
  Estou com fome, mas não vou comer nada; porque quero que a dor física seja maior que a mental. Tenho medo que não seja. Não quero que meu sangue seja menor que minha lágrimas, sou fraca.
  Segure minha mão enquanto me suicido. Mas solte antes de se contaminar. Somo como espelhos retardados, não sejamos como espelhos retardados.
  Só queria poder entender, você, o mudo, um pouco de mim. Queria ser a destemida. Queria não morrer essa noite.
  Como deuses nos céus vocês brilham.
   Me faça ser maior do que sou. Me faça ser melhor do que eu possa ser. Me faça ser você. Como espelhos retardados.
   Luzes de sons. Tão doces. Rebobinam minhas lágrimas. Te vejo como um deus no céu. Poeira cósmica para todos os lados. ÁTOMOS, ÁTOMOS! FÓTON, FÓTONS! Você brilha como a primeira estrela da noite.
  Me eleve. Me leve ao seu pequeno universo. Talvez outras dimensões. Me sugue como buracos de minhocas.
  Você é tão doce como felicidade de criança. Nos faça ser como felicidade de criança. Que ser tão simples como uma sequência de lágrimas.
  Me parto em erros e medos, mas essa noite não quero ser eu, quero olhar a primeira estrela da noite.

O maior peso

  Às vezes me sinto como o pior erro já criado. Torço para que não possam ler minha mente, sentimentos guardados e escondidos. Um ódio em lacunas, não pisam no palco, talvez pelos meus olhos pisem.
  Perdi toda a paixão, para todos os cantos que olho, tudo me faz querer não existir. Acho que morrer é pouco. Preciso de uma falta de existência, ou a alegria na minha. É tudo tão maior que me sinto pequena. Uma existência inútil. Apenas erros.
  E você ... A maior beleza que encontrei, frágil. Tenho medo de te quebrar e não poder consertar. Um eterno brilho em meus olhos. A melhor coisa que eu posso tocar. Alguém que ainda me faz querer existir, apenas para te observar, para entender. Eu sei que você muda de tom para falar a cada vez que muda de sentimento, mas ainda não entendo o que rege sua mente.
  São medos tolos, ou não. Apenas medos, ser pequena. Não importa agora. O que importa para mim é o meu frágil rubi.
  Medo de ser engolida pelo tempo, de não ser você, de quebrar você. Medo. Só não quero ir embora pensando que poderia fazer melhor.

sábado, 19 de maio de 2012

Um novo sorriso

  As certezas passadas, viraram poeira no tempo. E tudo muda de uma forma boa, o rejeitado virou o melhor caminho que já segui.
  Por mais que o passado pese; é como desenhos na areia que o vento apaga. Creio estar em rochas sólidas agora. 
  Uma nostalgia de coisas que não vivi. Abraçando o vento finalmente, esse sentimento toma conta de mim. Por toda minha mente. Nos meus dedos dos pés ao topo; cada parte de mim, física ou não. É um novo sorriso em um dia horrível, daqueles que só seus amigos imaginários entenderiam. 

  

sexta-feira, 23 de março de 2012

Pincéis

  É no silêncio que você ouve a melodia da chuva. Sendo cego vê-se a beleza. Mentes rotineiras tampam minha visão e meus ouvidos, ouço que o belo está atrás da multidão que grita futilidades. Calo-me, pois sei que o silêncio ouve.
  Se encontrar perdida, procurando apenas uma terra firme num mar de desesperos. Até onde os ventos nos levarão? Centenas de faces opostas procurando atenção. "O morto é o novo vivo", me disseram. Talvez por isso tudo esteja tão falso, como flores de plásticos e cérebros alheios.
  Só a dor me ouvia, senti uma nova amiga. Uma alegria na tristeza, um ponto de paz no caos, uma vida impermeável na morte, talvez...
  Sinos tocavam por todos os lados, me lembravam melodias. Então o verdadeiro se tornou falso para mim. Todos os minutos de um relógio marcaram o novo dia. Talvez uma nova vida, talvez a vida. Mas no fim, viver na morte é quase como não viver.
  Talvez amanhã os corpos estarão todos mortos, mas vivi hoje, e hoje vivi. E cada segundo que se respira se torna eterno; depois do primeiro passo é hora de correr.
  A areia na ampulheta corre com pressa, não nos espera. Mas o ritmo dos corações é o mesmo. Sem pressa  ou medo, batemos como um só. Um coração em cem corpos.
  A vida incomoda a morte, como a morte incomoda a vida. Mas no conflito há beleza. Então mortos e vivos dançam, cada um ao seu modo. Ouve a música quem pode, vê a beleza quem enxerga. E os cegos e mudos apenas falam como se não houvesse razão naquela loucura. Tão cheios de si. Como se o universo fosse o que eles conhecem e como se não passassem de bonecos, marionetes. Se acham donos.
  Me assento ao canto, e vejo a dor cantar a felicidade. Abaixo de um belo céu acinzentado, com nuvens pintadas pelos mais leves toques de pincéis. Absorvo a morte e a vida, as virtudes e os defeitos, aprendo a dança. E agora sou a principal da minha peça.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Desaparecer

  Não vejo diferenças entre os pesadelos e a realidade, ou melhor, os pesadelos às vezes são mais agradáveis. A pior parte de sonhar é acordar, é perceber que nos sonhos você voa e na vida você vegeta. Por mais que possa voar, você só é livre quando sonha.
  Nem minha péssima memória me fez esquecer dos meus tombos. Cicatrizes recordam momentos de dores e fraquezas, mas é mais fácil se culpar do que apagá-las. Perdoar aos outros é fácil quando sua consciência te julga por erros que até não cometi. Quem culpar por não saber? Quem não me culpa?
  Dancei em outros palco, cantei outras músicas, sonhei outros sonhos... Isso só adianta quando tudo está bem. A única coisa que me resta é tirar proveito da desgraça, é rir dos meus erros e fazer tatuagens sobre as cicatrizes. Enquanto a vida coloca um letreiro gigante sobre minha cabeça me chamando de otária, eu procuro desaprender a ler.
  Ainda lembro daquele nome, como se o nome me condenasse. A sentença é viver. Nunca estive em paz em solo firme, acho que só a flexibilidade do palco consegue me perdoar. Mas estou no Ato II; então por que ainda  me mecho como se só o prólogo importasse?
  São sintomas enraizados em mim, eu creio. Maus hábitos nunca morrem sem que você se sacrifique. E agora que qualquer erro coloca minha cabeça numa guilhotina, a única razão que me faz continuar a andar por ruas escuro é saber que há um lar no fim do beco.
  A minha solidão é uma faca de dois gumes, por isso chamei alguns zumbis para me fazer companhia. Mortos não se importam com o quão velho está sua pela, com tanto que tenha vida, eles o invejarão.
  A vida é uma caminhada solitária, só há uma falsa certeza de presença de vida. No fim temos que agradar para ter alguém por perto. Ninguém se importa com a sua dor, com a sua alegria; apenas se o atingirem.
  Sou apenas mais uma bonequinha naquela estante empoeirada. Talvez um peão a ser trocado por um bispo ou algo assim. Uma vida totalmente desnecessária. E o que fazer quando não serve, não é, não vai ser, não pode, não deve, não merece, não é aceita e não é suficiente?

sábado, 14 de janeiro de 2012

Você está morto

  Sinto tão claramente quanto a dor de uma espada me perfurando, é como se clareasse o quarto escuro em que estávamos atirando um no outro. Acho que você não conseguiria entender, mesmo se tentasse. Não é nada muito complexo, mas acho que você é fraco demais para deixar algo tomar conta do seu corpo e ainda voltar a realidade.
  Não me veja como alguém que se acha superior, apenas me olhe com alguém com uma visão razoável sobre você. Também não ligarei para os seus rótulos, minha visão sobre mim é quase imutável. Mas no fim, somos apenas hamsters numa gaiola. Independentemente de sua filosofia vaga, somos bichos engaiolados.
  Nessa gaiola as coisas mudam, eternidade é só uma palavra a qual nunca vimos o seu real sentido. E como tudo se vai um dia, as coisas se foram... Sabe do que eu estou falando? Se ainda não percebeu, minhas atitudes esfregaram na sua cara. Isso não é uma promessa, é uma dívida comigo mesma.
  Já está na hora de mostrar que eu deixei de ser. Não faço isso para provar a ninguém, eu apenas tenho que reconstruir as coisas que estão quebradas em mim.
  Eu achava que orgulho era algo errado, mas algumas demonstrações disso me ensinaram a ter respeito próprio. Acho que estou aprendendo a me amar mais. E é muito bom estar com quem se ama, principalmente quando essa pessoa supri toda a necessidade de qualquer coisa. Soa como egoísmo, mas é uma habilidade que cada ser humano deveria ter.
  Mas o que importa se você está morto? Sim, agora estou escrevendo a um cadáver com vida - algo como um zumbi -, Para mim você está tão morto quanto um desagradável passado. O tempo é o melhor assassino. Adquiri um pouco de paciência nesse tempo, pois minha única opção era esperar.
  Enfim, acho que você não irá ressuscitar, principalmente depois de eu ter tirado todos os seus órgãos e dado o resto para um tubarão, mas caso você queira dar uma de Jesus ou Goku... eu tenho uma granadas, 3 espadas e uma bazooka; acho que dá pro gasto. Sem mais delongas, desejo-lhe com toda minha sinceridade que você vá ser feliz lá na puta que te pariu, bem longe de mim. Obrigada.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Falta

  Salut! Ultimamente estou sem criatividade nenhuma. Acho que é porque não eu só tenha saído da minha casa para ir na biblioteca e no dentista; mas talvez não seja isso também. Enfim, sem inspiração não dá para escrever absolutamente nada que preste.
  Depois que fui descobrindo a realidade sobre as coisas que eu sinto, descobrindo que os motivos são idiotamente simples, eu perdi totalmente minhas emoções. Também perdi meu total interesse por qualquer coisa.
  Quando isso voltar, também voltarei a escrever aqui.