quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Maçaneta inútil

Ele era só mais uma porta
Que trancava coisas que eu não queria abrir

Um bela porta
Com enfeites
Uma maçaneta ornamentada
Ótima madeira

Eu ainda tinha esperanças
De que portas fossem como janelas
Mas aquela bendita porta
Continuava a me levar para onde eu não queria ir

E toda a vez que eu a abria
Esperava me surpreender
Mas ela ainda guardava paredes monótonas
 
Às vezes eu gostava de olhá-la
Parecia guardar os mais belos segredos
Talvez uma passagem para um mundo secreto
Ou um quarto misterioso
Havia dias que eu podia jurar que ali dormia criaturas fantásticas,
O fantasma de um rei, um anel mágico, talvez um pássaro falante...

Mas toda a vez
Em que eu abria aquela merda de porta
Eu só enxergava paredes monótonas
Nem um maldito quadro, ou um pouco de poeira

Era só um porta
Bela porta
Que dava para o nada

UE EU

Eu
Eu não sou eu
Eu nem sei se sobrou um eu para chamar de eu

Só sinto saudade de mim
E me observo e não me vejo
E no espelho quase não me reconheço

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Náufrago

Mar e céu
E mais nada há
O espaço entre
Colapso

Eletricidade
É a revolução do átomo
Carbono por carbono

Sólido
Solitude
Solidão

Nada há
Além do céu e mar
Eles se beijam
Onde o infinito termina

Na imensidão da inexistência
Afogar-se num vácuo de solidão

E mais nada

Nada mais há
Nada há