terça-feira, 26 de novembro de 2013

Você(s)

  Este deserto infindável, este seu rosto tão corado, sufocado. As cores tão vivas... Seus olhos me avisam aos pouco, eu temo. Você é tão belo. Você me olha quase morto, o vento nos toca pela última vez, então você voa. Vooooooa...
  Minhas lágrimas evaporam antes de existirem. Eu... pedaço de mim também se foram. Abandono... Olho-o como se pudesse voltar. Aquela sensação... de que não é um sonho. Suas cores estão tão vivas. Eu grito sem som. Arrasto-te por toda a imensidão. Estávamos tão perto do longe. A mágoa, a culpa, a dor, o medo, a angústia me manteve em cores. Seus olhos... podem chorar?
  Empurrando montanhas, você... sem cores. Eu sou tão incapaz, insignificante.

  Eu te amo!
  Eu temo.
  Não me deixe sozinha.
  Por favor...

  Eu me sinto tão só.
  Nesse deserto tão morto.
  Onde ninguém me ouvirá.
  E você não está aqui.

  Sou tão pequena...
  Perto de você,
  Longe de você.
  Sozinha.

  Cada dia estou menor.
  Cada dia eu desejo menos
  Ver meu reflexo
  Ver meus tamanhos.

  Eu olho o seu corpo morto.
  Eu vejo minha alma morta.
  Eu temo
  Porque te amo.

  Me olhe, seu cadáver estúpido! Me olhe, seu monte de nada! Eu te mataria se já não tivesse feito isso antes.
  Me ouça, me veja além de seus desejo imundo! Essa sua alma imunda... Esses seus olhos mortos me enojam! Eu te odeio!!!
  Morra sozinho, não me arraste para seus túmulos imundos como seu espírito! Eu odeio o seu mundo! Você me faz sentir me pequena, você me diminui. Eu me perco em sua mente amaldiçoada.
  Me deixe em paz, já me bastaram os rasgos na minha alma, os rasgos no meu corpo. Esse fim de mundo que você me pôs para morrer só. Eu te odeio! Eu te odeio e você não se importa!
  Tanto faz se eu estou morta ou não. Se respiro ou não! Você só vê seu mundo limitado de merda!
  Eu odeio você... Quando você está aqui para me matar..
. Quando a sua voz me persegue.
  Eu odeio quando você está aqui parado como um cadáver, porque para você tanto faz. Eu morri para você. Eu sou seu troféu empoeirado na estante. Eu sou a vitória esquecida.
  Você me prometeu o paraíso que eu nunca vou ter. Você é nojento! Morra você e seus brinquedos imundos! Eu sei me magoar sozinha.
  Odeio você! Odeio eles! Odeio tudo aqui. Tudo o que é seu! Você é tão cruel. Você me faz morrer.




sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Suas prostitutas

Não quero ser uma daquelas mulheres que fingem não saber.
Afaste de mim essa boca de outras mulheres.
Tão vulgar, sujo.
Eu te olho com asco e pronuncio as mesmas palavras de ontem.
Você, tão vulgar, tão usado.

Não me toque, não me olhe.
Eu não sou um dos seus manequins excitantes.
Eu não sou sua prostituta.

Pensa que eu não poderia ir embora,
mas eu já cruzei outras portas,
eu sei o caminho de volta para casa.

Eu não tenho medo de sangrar.
Eu não tenho medo de ficar sozinha.

Eu já conheço a solidão.
Essa arma não me machuca mais.
Minha pele cicatrizada,
Minha alma suja.

Eu não dependo de seu desejo.
Essas cordas amarradas em meus punhos.
Eu não tenho medo!
Eu não estou presa.

Eu não sou dessa mulheres.
Que têm medo de ver.
Eu não sou dessas mulheres.
Que dependem de você.

Eu não preciso de fé
Ou de sapatos.
Eu não preciso
de concelhos de revistas.

Não vivo como escrava.
Não preciso que me critique.
Minha solidão é meu conforto
Meus paraquedas estão em mim.

Não olhe em meu rosto.
Se não quer me ver.
Não respire minha alma.
Não seque meus olhos.

Pode ir embora se quiser.
Vá com elas.
Vá com seus manequins.
Vá embora, por favor.

Eu não sou o que você quer.
Meu corpo não se acomoda nessa sujeira.
Meu corpo se inibe no vulgar.

Eu não quero dançar com alguém sem alma.
Eu não quero beijar lábios frios.
Eu não quero suspirar sozinha.

Meu corpo está acomodado no não-vulgar.
Você não pode ver.
Você se limita aos seus desejos imundos.

Meu corpo respira na pureza.
Meu corpo fala além de sua alma.
Minha alma respira além de seus desejos.
Meus desejos são mais do que carnais.

Você pode ter o que quer em qualquer lugar.
Nunca poderá ver minha beleza.
Aos seus olhos tão nula.

Eu nunca serei uma dessas mulheres
que fingem não ver.
Que mentem no espelho.
Que compram sapatos e revistas.
 para incumbir a alma vazia
o coração furado.

Minha alma dorme em sossego.
Meus desejos existem em suspiros.
Meu corpo num nu que você não vê.
Eu sou maior que seus olhos.