quarta-feira, 9 de julho de 2014

Sens.Ações

 Transbordo.
 Crio música com restos do meu corpo.
 Isso afeta cada cor que vemos.
 O som ilude tão suavemente.

 Periodicamente.
 Como o som que você conhece.
 Você sabe o que virá depois, mas ainda se surpreende.
 Como ver as paisagens das fotos.

 Descascando.
 E unindo-se.
 Como a água,
 Sem forma.

 Hemorragicamente.
 Suas cores se esvão.
 Preenchem o vazio,
 E morrem.

 Abafado.
 No útero
 Tão calmo e quente.
 O silêncio do sono de sua mãe.

 Esquisito.
 Quase como respirar pela primeira vez.
 Quase como parar de respirar pela primeira vez.
 Bom, como voltar a respirar.

 Naturalmente.
 Como desenhar nas paredes.
 Sem medo.
 Sem barulho além das cores.

 Rápido.
 Correndo.
 Escorre.
 Transborda.
 Mata.

  Espectativamente.
 Como gatos olhando para o vazio.
 Seus olhos dançam nas paredes sem quadros.

 E.
 Se quebra o silêncio,
 Se enche de ar.
 Escorre vazios,
 Despreenchidos.

 Formando.
 Cores e segredos.
 Que só você vê.

 Ovos.
 Bem fechados.
 E olhos curiosos.
 Muco entre os dedos, sem nojo.

 E morre.
 Como se nunca tivesse existido.
 Só isso.
 Mais nada.