Cansados e cegos
Pela luz, fina e aguda
Como uma espada
Com seus passos desnorteados
Andava pela noite escura
Uma dança de bêbada
Nunca tinha andado sem enxergar
Tropeçou em algo macio e morno
Não podia dizer
Se era vivo ou recém morto
Talvez respirasse
O vento lhe cortava inteira
Os lábios sangraram
Quando ela tentou
Se manifestar
O pânico
A chuva
O chão
O corpo
Ela olhou para os céus
Como quem lê estrelas
Uma gota de água
Escorreu de seus lábios
Juntando o sangue e o timo
Suas memórias roubadas
Seus caminhos perdidos
Mas os pés ainda andavam bêbados
Talvez respirasse