quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Escolha você um título! Não vou te dar tudo na mão. ¬¬'

  Olho minhas três faces no espelho, me sinto um projeto MKUltra. Qual é a verdadeira? Que lado do bolo devo comer? Não há um colo para chorar. Não há ouvidos. Isso é a guerra.
  Minhas mãos, não sei o tamanho delas. Não sei se hoje é o dia. Sou tanto Calibã como Miranda, não sou ninguém. Eu não sei se chove, mas sinto o seu gosto. Cada gota tem gosto de ferro, chuva ácida talvez.
  Eu sou a aranha que morreu em sua teia. Os fios que Nornas teceram, tão bêbadas. Siga essa rua sem saber onde vai dar.
  Cale a boca, por favor.
  Por que Deus coloca lâmpadas em abajures? Por que elas não podem brilhar livremente?.
  Por que você tem que ser uma vagabunda amoral? Por que não pode me salvar dessas saias e sutiãs? Por que fazem algo para sobrar? As roupas não se encaixam em meus moldes.
  Eu odeio você.
  Ele disse não. Ele não teria dito não à ela. Eu não teria dito não à ela. Por que abajur, deus meu, por quê?     Eu odeio eu.
  São como cascas de machucados, ninguém respeita. Então, espero que infeccione e você morra.
  Eu queria ser uma deusa, só para te fazer chorar, só pra vê-los ajoelhados. Enfeite-se plebeu, tente ser como eu.

  Eu não consigo explicar, pois você é burro.
  Ninguém entenderia... Porque não foi assim! É tão sujo quanto. Não tente poetizar as merdas que faz. Por favor.
  Eu busco um calor na ilusão, como um crente em sua fé. Por favor, me pinte com essas cores quando eu morrer.
 
  Vulgar.
  Vulgar.
  Todas putas. Todas profanas.
  Todas pinturas de gênios drogados.
  Eu me apaixonei.
  Malditos poetas safados.
  Almas puras apodrecem sem falar.
  É preciso ser sujo para ter vida.

  Eu odeio você.
  Eu odeio
 VOCÊ!
  Vocês que me assistem sumir em areias.

  Minha alma é suja.
  Minha alma tem cor promiscua.
  Meu corpo tocado, ainda tem cheiro de infância.
 
  Você não pode ver como eu vi.
  Ele é um menino doce.
  Me faz rir.
  Você só vê o meu corpo sujo.

  Como se minha mãe estivesse me ouvindo.

  Eu quero ter todas as cores.
  Eu quero ser uma alma livre.
  Eu quero ser como ninguém é.
  Eu quero ser a Carmen, doce e pura. Safada Carmen.
 
  Eu quero ser. Essa não é a questão.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Sens.Ações

 Transbordo.
 Crio música com restos do meu corpo.
 Isso afeta cada cor que vemos.
 O som ilude tão suavemente.

 Periodicamente.
 Como o som que você conhece.
 Você sabe o que virá depois, mas ainda se surpreende.
 Como ver as paisagens das fotos.

 Descascando.
 E unindo-se.
 Como a água,
 Sem forma.

 Hemorragicamente.
 Suas cores se esvão.
 Preenchem o vazio,
 E morrem.

 Abafado.
 No útero
 Tão calmo e quente.
 O silêncio do sono de sua mãe.

 Esquisito.
 Quase como respirar pela primeira vez.
 Quase como parar de respirar pela primeira vez.
 Bom, como voltar a respirar.

 Naturalmente.
 Como desenhar nas paredes.
 Sem medo.
 Sem barulho além das cores.

 Rápido.
 Correndo.
 Escorre.
 Transborda.
 Mata.

  Espectativamente.
 Como gatos olhando para o vazio.
 Seus olhos dançam nas paredes sem quadros.

 E.
 Se quebra o silêncio,
 Se enche de ar.
 Escorre vazios,
 Despreenchidos.

 Formando.
 Cores e segredos.
 Que só você vê.

 Ovos.
 Bem fechados.
 E olhos curiosos.
 Muco entre os dedos, sem nojo.

 E morre.
 Como se nunca tivesse existido.
 Só isso.
 Mais nada.

sábado, 28 de junho de 2014

Cores que sonho

  Eu quero ser suave como a sua respiração,
 Quero ser quente como seus braços.
 Corremos de mão dadas e o tempo segue lento.
  E o sol deixa tudo perfeito e colorido.

  As ondas da piscina quebram a luz que refletem nos nossos rostos.
  Todos riem e brincam ao nosso redor,
  Mas eu só vejo você e as cores
  Desse solstício impar.

  Vamos nos trocar e fugir daqui.
  Eu quero estar com você todos os dias.
  Vamos fugir...
  Para a eternidade!

  Não precisamos de promessas ou fé,
  Nos sustentamos em nós.

  Dançamos a noite toda sem música audível
  E então caímos na neve quente
  E você e eu
  O tempo é só nosso.

  Me beije e não pare por favor.
  Eu não quero viver em outro lugar além de você
  Você faz o mundo um lugar limpo
  Você me faz querer viver.

  Me chame de "minha" de novo.
  E me abrace como se fosse a última vez,
  Você sorri e sorri
  E as cores surgem
  Você faz todo dia ser primavera.

  E quando eu acordar amanhã
  Eu quero ver seu rosto
  E você sorrirá de novo
  Será mais um dia de cores.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Carta de reclamação ao nada

  Acho que está na hora de fecharmos as portas. Mas me assusta te deixar na chuva. Você pode achar outra cobertura, um abrigo talvez. Isso me mataria.
  Mas você me mantém como um cachorro acorrentado, eu sempre fui um animal selvagem. Meus casos são de uma noite, de manhã eu já não tenho nada pra você. E você se desfigura para ficar bem nesse espelho, eu não quero ver você assim. Estamos amarrados.
  Eu não aguento mais olhar seus tons pastéis; eu preciso correr nua pelo mato, uivar... E você é só um morcego que nunca saiu da caverna. Pensei que poderia me prender por você, mas eu só sou uma vadia ingrata que morrerá só.
  Eu matarei qualquer um que cruzar meu espaço, e você esteve tão dentro de mim, deixando suas partes e marcas, e agora eu me pareço com você.
  Eu estou tão excitada para voar, dizem que depois do oceano tem mais terras. Então pode ficar aí com seus livro sobre ser cego. Eu quero cheirar a boemia, eu quero sentir meu corpo deslizar pelos desenhos na neve.
  Eu quero estar onde as pessoas também apreciem meus defeitos, onde eu possa ser eu mesma e isso é poesia. Eu quero beber com que me deseja a mesa. Com braços que vão me segurar se eu cair. Porque amanhã, quando eu for só mais um livro lido, eu seja citada. Eu serei a obra-prima na parede, e eu não me sentirei mal por não ser o que não sou. Porque eu acho que somos peças de jogos diferentes.
  Estamos aqui por tanto tempo e você nem saberia descrever meu gosto, e eu nem sei como você é. Vimo-nos como ninguém viu, mas eu nem consigo falar a você coisas que falaria a estranhos.
  O relógio dança, a cola está secando. Procuro me culpar por tudo, agora, aqui sozinha, não fui eu que quebrei o prato dessa vez. Por mais torpe que fui, ainda assim não fui eu. E quando você chorar eu vou voltar para a gaiola, e vai ser a mesma merda de novo e de novo.
  Eu nem sei porque fui mergulhar nas águas do sul. Eu só quero ir para a casa agora, mas agora que trai meu clã estou fadada a miséria. Sem amigos, sem dinheiro e com a face de quem matei em tudo que olho. Eu sempre sonhei em encontrar alguém que me suprisse, que pudesse me sentir além, e agora eu não o suficiente para você, eu não sou elas e não quero ser, e você nunca terá a loucura para distrair minha mente. Eu estraguei tudo de bom que você via em mim, desculpe. Eu nunca vou poder, eu nunca agradarei os que te agradam, está além de mim.
  É impossível que nós alcancemos os céus, estamos tão leves que flutuamos na brisa, somos empurrados por qualquer assopro. Somos a mesma polaridade, quase esgarçando as cordas que nos prendem, fingindo que está tudo bem. Você é só um gatinho medroso que não gosta de subir em árvores. E dizer dói, dizer isso ao nada. Porque você não está mais aqui, não está lá; você só fica aí.
  Em algum momento alguém vai me chamar de "minha menina" e sorrir por eu estar ali, vamos descer por debaixo daqueles tecidos que ficam bonitos no pôr do sol. E tudo será o que agora não é, porque ele tem e não perdeu e isso é tudo que preciso. Eu nem sabia o seu nome, porém quando estava naqueles braços eu sabia que estava em casa e que nada poderia nos atingir. Eu só queria existir naquele momento.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Rotina

   Acordo meio tarde, não sei se almoço ou tomo café. Vejo qualquer coisa pra me distrair, algo fácil de olhar. Saio pra um lugar merda que me faz sentir mal, com pessoas que me deixam depressiva, só quero ir pra casa. Cheguei, respiro, já estou atrasada. Volto sem saber porque saí, como uma comida ruim, vejo qualquer merda pra esquecer que meu dia foi um lixo, que minha vida é um lixo, alguma putaria barata e sem valor. Vou dormir.
   Acordo meio tarde, quero voltar a dormir, comida ruim, curso ruim, pessoas idiotas, metrô, colegas idiotas, não me olhei no espelho, casa, microondas, pc, cama.
  Acordo, acho que o dia vai ser bom. Logo percebo que não. Saí com remela no olho, não me olho no espelho faz uns 3 meses, queria que todas as pessoas morassem em outra galáxia. Uma plantinha bonita, eu gosto de plantas. Sem vontade de comer, morrendo de fome, como qualquer coisa, era melhor ter ficado com fome. E o dia passou, nem vi.
   Infelizmente acordei novamente, decidi me olhar no espelho, não sei porquê. Meus seios não estão na mesma altura, meu corpo é desalinhado, acho que quero ficar em casa, mas não dá. Visto qualquer coisa, nem percebo. Queria ser invisível. Existir dói a alma.
   Vivendo os piores anos da minha vida. Queria ser bonita como uma guerreira que vi desenhada. Queria poder matar todo mundo, como ela. Ela tinha seios alinhados. Queria poder me preocupar com o que ela se preocupa. Queria lutar sem saber se vou resistir, queria sentir a adrenalina. Cada segundo uma nova tensão. Sem saber, cada segundo uma descoberta para interagir.
   Queria poder pular os muros como um gato, caçar algo pra comer ou me divertir. Queria mijar nos muros como um moleque de 7 anos. Queria me esconder de algo, aquela emoção de desespero. Queria sentir algo que me fizesse arrepiar, sem ser a dor de se odiar. Queria poder respirar na chuva rindo, correndo de nada pra lugar nenhum. Queria transar numa árvore.
  Essa vida sufocante, esse meu corpo morto. Quero viver novamente.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Desertada

Eu sei lá. Acho que vou pular, talvez não,
Mas o que te importa? Saia daqui, mas não me deixe!
Ah! Você nunca entente?!
Cala a boca, eu só quero morrer rapidinho.

Esse lugar fede.
Porque você não é como parecia ser,
E eu não sou mais eu.
Mas você é burro e não vai entender.

Saia desse corpo e olhe de cima,
Eu não sou tão assim e nem você.
Ah, eu odeio essa calça!
Vamos pular...

Você parece uma ponte feita de cordas e madeiras,
Só a altura que varia.
Nem sei se do outro lado é tão bom assim...
Eu sei lá, só pule agora!

Eu odeio todo mundo!
Eu odeio as pessoas físicas
Eu não quero ter um corpo
Eu quero flutuar num ar calmo.

Parem de me olhar!
Eu não sei lidar com nada além disso.
Pular ou não, é simples.
Eu não confio muito em ninguém.

Eu só preciso falar.
Mas ninguém quer ouvir.
Eu acho que vou pular.
E depois fumar bolhas de água até dar aquela sensação ruim no nariz.

Todo mundo é tão natural no seu corpo.
Eu queria poder morrer quantas vezes fossem precisas.
Mas você nunca entende,
Minha necessidade de gritar.

Cala a boca!
Você é tão cretino!
Um ignorante cego e mesquinho!
Cala a boca, porra!

Eu não aguento mais,
Esse mais ou menos que você me dá.
Saia de cima, então!
Me deixe em paz!

Não!
Eu não vou parar!

~

Pode continuar a festejar!
Eu não me importo.
Ridículos e surdos.
Eu odeio vocês.

  Eu vou me aquecer em meus braços, eu vou beijar meus joelhos ralados. Eu não necessito de alguém, nunca realmente necessitei.
  Eu não me importo! Eu estou trancada num casa de vidro fria, eu ouço vocês rirem, mas eu não me importo. Aqui eu me tenho, e você nunca me terão! Eu sou maior que mundo, mas vocês não podem me ter ou me tirar de mim. Eu sempre estive aqui só. E agora ou amanhã, tanto faz, eu sei me aquecer nesse inverno.
  Não, eu não tenho armas como eles, não consigo viver nessa sociedade de formas físicas. O que eu tenho vocês não podem vem.
  Mas eu não vou chorar, eu não vou cair aos seus pés. Tudo seca no deserto de gelo. Eu estou longe de tudo. Você nunca saberá como é.

Eu acho melhor você ir embora agora,
Vai escurecer e nunca te ensinaram a lidar com lobos.
Acho melhor você ir, eu não vou me machucar para te proteger.
Você não me verá sangrar, mesmo que isso custe você.

Eu cansei de compartilhar solidões.
Cansei de me concretar em formas estreitas.
Você não pode entender.

E o que me corta é que você não se importa.
Eu já não sei porque ainda temos essas letras nos corpos.

Só me deixe pra morrer só, você não vai querer ver.




Quem ficaria?

  Eu estou me sentindo só, cada dia mais, acho que não deveria ser assim. Eu queria alguém que pudesse ouvir. Mas eu vejo facas em punhos. Alguém, qualquer alguém.
  Eu só preciso ter onde segurar, eu estou quase caindo. Afogando-me em lágrimas mortas, tão mortas quanto eu. Me perguntaram se era falta de autoestima, eu já nem consigo olhar pra isso, estou no fundo de um oceano, eu não consigo nem mais ver as frestas de luz. Me embalo num sono eterno, eu não quero acordar.
  Aquele cheiro me transportou para uma época feliz, onde eu existia em você, onde você ainda se importava. Eu não quero dançar com você apenas por já estar aqui.
  Porém eu estou pronta pra chorar se for preciso, eu já estou só. Eu já estou chorando.
  Eu sou o bobo da corte, eu sou apenas um suporte.
  Eu quero me sentir completa de novo.


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Coisas de mim

  Estou colocando o dedo em minhas feridas, só pra ver o quão funda eu sou. É pior do que você imagina, do que você quer ver. Eu não quero admitir, como vou falar que sofro vendo as pessoas tendo um motivo pra chorar? Como alguém racional me entenderia? Sou fraca. Digo novamente; sou fraca!
  Eu olho minhas sobras nos meus prantos, nos meus sonhos. Tudo o que eu amo nunca será só meu. Eu sou egoísta, e, isso dói.

Falo com o vento.
Espero que ele seja Deus
Meu escudo quebrado
Meus pés cansados

Eu posso desistir?
Isso já minha desistência.!?
Eu queria ter um motivo para poder sentar e chorar
Sem que nenhum filho da puta venha me consolar

Eu quero que alguém me entenda,
Porque possa me ver
Porque possa me sentir
Eu quero falar com alguém profundo como minhas feridas.

Mas nem eu me olho no espelho
Nem eu mesma desejo enxergar meu eu


  Eu quero fugir da dor. Eu quero voltar à inconsciência do útero, à tranquilidade da inexistência. Porque viver dói.



Eu queria causar em você
a mesma dor que você me causa.
Eu queria matar com a mesma faca cega e sem ponta.

Mas eu não posso gritar
Eu só queria ir embora de você
Só as vezes
Só quando você me mata.

Eu me tampo, me fecho.
Me guardo.
Porque eu não me encaixo,
Aqui ou em qualquer lugar.

Não grito, não corro, não mato.
Sou uma mocinha civilizada.
Eu só sento e sorrio.
Porque eu não me encaixo em vocês.


Vai embora, então.
Se quer ir vá!
Eu me cansei de gaiolas imaginárias!!!
Se nunca vou te cativar, você não é meu escravo.

Devo ser simpática agora?
Boa noite, meus queridos, durmam para o inferno!
Porque eu quero que vocês queime pela eternidade!
Mas eu sou menina boa, só rio.

Ficou aqui pelos pães apenas.
Depois que se saciou foi embora.
E eu aqui sentada fingindo que gostei.
Porque sou menina educada.

Mas tudo bem, para todo mundo.
Vou ficar aqui servindo vocês.
Ficar aqui rindo,
Porque eu nem posso sofrer.