É quarta mensagem
Eu ainda não entendi o que quer dizer
Há tantos papéis espalhados pelo quarto
E eu sou a atriz que os escolhe
Minhas cicatrizes cobertas com maquiagem
Eles aplaudem e se vão
Ninguém fica para me ver desfeita
Desembrulhada, jogada no chão
De saltos e joias
Pés calejados, corpo exausto
Os olhares embestados do público
E ninguém me perguntou como eu estava
Mãos diferentes passam por meu corpo
Copos diferentes passam por minha mão
Todos os dias um novo personagem
Todos os dias o mesmo roteiro
A chuva cai na minha língua
O gosto da água e da sujeira da cidade
O belo e o podre em minha boca
Vida e morte, eu sinto o gosto
Cabelos molhados, deixam meu rosto diferente
A roupa grudada em mim
Desvelando uma silhueta crua
Os pés enfiados numa poça de água suja
E eu me seco, me limpo,
Me escondo em tintas e tecidos
Para mais uma vez entreter
E receber aplausos de quem não me vê