sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Suas prostitutas

Não quero ser uma daquelas mulheres que fingem não saber.
Afaste de mim essa boca de outras mulheres.
Tão vulgar, sujo.
Eu te olho com asco e pronuncio as mesmas palavras de ontem.
Você, tão vulgar, tão usado.

Não me toque, não me olhe.
Eu não sou um dos seus manequins excitantes.
Eu não sou sua prostituta.

Pensa que eu não poderia ir embora,
mas eu já cruzei outras portas,
eu sei o caminho de volta para casa.

Eu não tenho medo de sangrar.
Eu não tenho medo de ficar sozinha.

Eu já conheço a solidão.
Essa arma não me machuca mais.
Minha pele cicatrizada,
Minha alma suja.

Eu não dependo de seu desejo.
Essas cordas amarradas em meus punhos.
Eu não tenho medo!
Eu não estou presa.

Eu não sou dessa mulheres.
Que têm medo de ver.
Eu não sou dessas mulheres.
Que dependem de você.

Eu não preciso de fé
Ou de sapatos.
Eu não preciso
de concelhos de revistas.

Não vivo como escrava.
Não preciso que me critique.
Minha solidão é meu conforto
Meus paraquedas estão em mim.

Não olhe em meu rosto.
Se não quer me ver.
Não respire minha alma.
Não seque meus olhos.

Pode ir embora se quiser.
Vá com elas.
Vá com seus manequins.
Vá embora, por favor.

Eu não sou o que você quer.
Meu corpo não se acomoda nessa sujeira.
Meu corpo se inibe no vulgar.

Eu não quero dançar com alguém sem alma.
Eu não quero beijar lábios frios.
Eu não quero suspirar sozinha.

Meu corpo está acomodado no não-vulgar.
Você não pode ver.
Você se limita aos seus desejos imundos.

Meu corpo respira na pureza.
Meu corpo fala além de sua alma.
Minha alma respira além de seus desejos.
Meus desejos são mais do que carnais.

Você pode ter o que quer em qualquer lugar.
Nunca poderá ver minha beleza.
Aos seus olhos tão nula.

Eu nunca serei uma dessas mulheres
que fingem não ver.
Que mentem no espelho.
Que compram sapatos e revistas.
 para incumbir a alma vazia
o coração furado.

Minha alma dorme em sossego.
Meus desejos existem em suspiros.
Meu corpo num nu que você não vê.
Eu sou maior que seus olhos.


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