Ele me disse que tudo é feito para findar
Que não queria brincar de "para sempre" comigo
Falou que minha aparência o agradava
Que jamais viu alguém fisicamente mais habilidosa
E isso foi o melhor que saiu de sua boca
Ele tinha a capacidade de fazer-nos
Sentir um lixo em um belo saco plástico
Apenas com um olhar
Enquanto me consumia com os olhos
Minha alma se despedaçava
Em sua neblina de luxúria
Disse que o agora era todo meu
O amanhã nada se sabe
E ontem alguém foi tão especial
Quanto hoje eu sou
Já era um veterano
Me chamou de criança inocente
Riu dos meus planos
Me pediu para pagar-lhe um outro drink
Me prendeu pelos olhos quando eu me levantei para sair
Me perguntou como eu poderia ir embora
Se eu nem tenho para onde
Impediu meu choro
Me fiz rir
Olhou-me como se eu fosse a coisa mais incrível
Citou duas ex-namoradas
Eu me afoguei em um copo caro de álcool
E sorri, como me ensinaram
Me desfaço do seu abraço
Escapo meu corpo de suas mãos pervertidas
Suas unhas arranharam minha autoestima
Deixei um rastro de sangue
Enquanto a rua me desintoxicava
Eu tive pena dele
Era um coração massacrado,
Dominado pelo medo da dor de amar
terça-feira, 27 de fevereiro de 2018
terça-feira, 20 de fevereiro de 2018
O corredor cOmPRIMIDO
Fora de controle
As unhas se cravam na pele
Arranham a carne
O sangue escorre
Escravo da gravidade
O corpo oprimido se levanta
Por reação
Nunca fez nada por vontade própria
Gostaria de ser
Afagado como uma vítima
Mas se é o próprio vilão
Segurando sua coleira
O ódio consome
Invadindo suas veias
Dominando
Mas a gravidade oprime
Aniquilando-se
Esmagado de dentro pra fora
De fora pra dentro
Seus gritos morrem antes de se propagarem
Mas quando pôs-se a correr
Por um breve momento esqueceu
Que é um prisioneiro de si
Acredita-se livre
O vento cortando a matéria
Libertando-o de si
Rasgando o corpo
Escapado
Deixando para trás
O tirano vitimizado
Como uma concha pequena
Que já não servia
Respirou pela primeira vez
O ar queimou seus pulmões
Mas dessa vez ele pode gritar
Ele se sentiu existido
Abriu os olhos
Era tanta dor
Porém se sentia feliz
Chorou porque quis
segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018
Bárbara
Olhe como ela anda por um rico céu estrelado
Senta-se entre reis e rainhas
Janta com deuses, dança com nobres
Ela ri com os conselheiros dos Grandes
Mas nesses palácios e castelos seu coração não está
Essa pessoas só fazem barulhos inteligíveis
Ninguém nunca se cala, os ouvidos dela sangram
Implorando pela música das árvores
Veja como ela pinta o rosto
As jóias que a adornam
Esses vestidos caros e belos sapatos desconfortáveis
Ela está fantasiada, mas nada maqueia a alma
Por baixo de tanta tinta e sorrisos falsos
Seus olhos choram
O corpo grita
Ela sabe onde seus pés anseiam para pisar
Ela olhou o horizonte procurando
Procurando o que chamar de casa
Seu espírito é selvagem, animalesco
Se sentia presa na frequência dos ruídos dos abastados
Ela quer andar nua, suja de lama
Sentir o cheiro do sangue e da adrenalina
Ela é bicho, criatura do jângal
Estava morrendo como um pássaro na gaiola
Subiu num parapeito futilmente ornamentado
Riu de tanta imbecilidade que se pôs a viver
Se lançou ao mar
Sem hesitar foi para a liberdade