quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Sob



  Errado. Erado.
  Sou apenas um corpo numa cadeira de balanço.
  Eu só questiono minha presença.
  Totalmente inútil.

  Com a cabeça mergulhada em algo espesso e escuro.
  Vestida em negro.
  A luz azul da lua.
  E o cheiro de derrota.

  Não somos quem queríamos ser.


  Eu ouço a solidão.
  Como quem ouve os espírito de madrugada.
  Houve o tempo.
  Hoje me desintegro no esquecimento.

  Por que quem será ela amanhã?
  A vida engole as memórias
  E delas se faz a espada.

  Ninguém pode ver através desse véu.
  Que tudo é gelado.
  E assim se mantém as ovelhas.
  Será mais fácil aceitar a morte.


  Por favor, fique mais cinco minutos.
  Porque essa minha alma velha sabe que não verá o amanhã.
  E alguém nascerá pra me suprir.

  Mas você é toda a testemunha da minha existência.
  Só você me viu assim.
  Só você é o meu segredo.


  E deixe tudo arder em fogo.
  Que essa era seja apagada pela dor.
  Por causa do orgulho nós pagaremos

  E que sobre apenas você e eu.
  Com a alma de quem ainda canta.
  E vamos nos eternizar pela última vez.
  E logo nos esvaiamos.

  E nossa energia caminhará pelo vácuo.
  E criará coisas que nem saberão de nós.