terça-feira, 20 de setembro de 2016

Amanhã I

  Olho para um céu sem esperança. Então agora me foco no chão que piso, uma terra amaldiçoada. As correntes que eu mesma me prendi não são mais suficientes. Sim! Está lá, está me chamando. É meu e ninguém pode nos separar, nem mesmo eu.
  Agora é a hora, como um filhote de guepardo manco aprendendo a correr eu vou, olho para trás e vejo cair em ruínas a minha terra prometida. Uma errante eu me torno, melhor assim, é o impulso que faltava para eu chegar lá.
  Meus pés sangram, não tanto quanto eu gostaria. Por dentro, meu corpo frágil sofre, grita e quer descansar. Seco meu suor do rosto e continuo a correr, corro de mim mesma, eu sei que morrerei se não chegar até lá. Está me chamando, está gritando por mim. Nós nos pertencemos, estarei em paz apenas quando chegar lá. Nada, nada é mais importante do que nos unir. Meus olhos se fixam lá, como uma águia faminta em sua presa. O vento tenta me parar, porém isso apenas alimenta minha alma. 
  Eu ouço vozes pedindo ajuda, vejo mãos estendidas e olhos sem vida. Eu não posso fazer nada por eles, tudo o que tenho é meu corpo fraco e vontade de correr. Eu não carregarei ninguém! Essa é a minha jornada, não é por egoísmo, é por amor a nós. Eu choro ao perceber que a distância é maior do que meus pés aguentam. Eu não desisto; andarei com as mãos, me arrastarei, chegarei lá mesmo que me custe a vida.