Por que você não é o que eu quero quando eu quero?
Por que você não pula agora dessa ponte?
Por que não pega aquela faca e me mata?
Onde estão suas veias?
Você sangra?
Por que não corta um pedaço de mim e me fabrica mais mil vezes?
Corre, menino estranho, corre.
Que o vento que passa aqui corta a pele jovem e não deixa nada no lugar.
Pode ouvir isso?
É a alma que grita num corpo velho sem vida do animal que você matou.
Pode ouvir agora?
Aquele animal velho, pobre e moribundo agora é sangue nas suas mãos.
Peça para que algum deus mande chuva e lave suas vestes, os juízes logo vem e não perdoam.
Olha para mim!
Diz que ainda pode contar as estrelas em meus olhos.
Olha para mim!
E diz que não me venderia.
Olha para mim, menino!
Diz que ainda é cedo aqui.
Minta!
Diga que o sol nunca se põe.
Pega aquele punhal agora!
Arranca meus pulmões.
Olha para mim e arranca!
Será assim?
Travado na não-ação?
Uma gaiola aberta é isso aqui.
E agora?
Vai cantar o que, menino?