sábado, 28 de agosto de 2021

Contato

 Seus pulmões pegavam poeira

Em cima da estante

Os olhos congelados

Numa jarra suja


Os ossos estavam agora sendo arrancados

Mas continuava inexpressiva

Uma expressão perdida

Num rosto seco, esquecível


O cheiro do corpo apodrecendo

Perfurando aqueles que a observavam

Seus olhos gritavam

Horrorizados e imbecis 


O medo, o solo, o sol, o pai


Não há o que tatear

Somos uma imensidão de vácuo


A pele se fez farelo

Que o tempo varreu

Ninguém dela mais se lembrou


E tudo o que usávamos 

Para nos definir

Foi aniquilado pelo futuro imediato

Como se nunca estivesse existido

Esvaiu-se

Como se nunca estivesse aqui