domingo, 29 de maio de 2016

Adeus, menino utópico

Eu não amo você
Eu amo alguém que não existe
São fantasias que criei para te suportar
Elas são tão vivas quanto o que você sente por mim.

Você é apenas um amigo imaginário
E como todos os outros você morrerá quando eu o compreender
Eu achava que tinha medo de te soltar
Agora vejo que estive agarrando o vento, você nunca existiu de verdade.

Os dias passarão, e entenderei que assim foi melhor
Nós dois merecemos algo maior.
Que os ventos te apontem para bons caminhos,
Já não há nada que você possa me dar.

A solidão irá me polir,
Tenho coisas para aprender
Que só a dor ensinará
Deixe o sangue escorrer.

Eu sei que o mar trará presentes
Ele te trouxe, querida ilusão
Também trará algo concreto
Quando for a hora.

A cada dia você me machucará menos
Seu corpo, agora sólido, se transformará em areia
E depois em fumaça.
Quando estiver evaporado eu estarei pronta.

Então, aqui, uma prévia de adeus.
Que falo para mim, apenas.
Você nunca esteve cá.
Pré-adeus para você que só existe em mim.


quinta-feira, 26 de maio de 2016

Autoquíria


Meus lábios, pés e costas
São seus
Eu não sei o que fazer comigo
Meu corpo e espírito morrem e renascem para morrerem novamente

Todos os dias
Um golpe no peito
Meu corpo nu num deserto
A areia áspera na minha boca

Faleço no seu colo
De um você que imagino
Você não está aqui
Eu já nem sei se eu estou também

A pele arde
Mas não sinto dor
Não sinto fome
Todo meu sentir morreu

Eu regurgito uma fumaça negra
Ela me recobre
Envolve me em uma bolha
Eu ouço a vida acontecer lá fora

Dos meus cacos, cinzas e fumaça
Não reconheço essa pessoa no espelho
Tudo o que posso ver é sua ausência
Só ouço o silêncio que você provoca

A solidão
Não tenho para onde voltar
Errante, despida e fraca
Morrerei sem te afetar

A vida depois de nua

Quem sou ela?
Ele/Ela/Elx
Escolher
Gostar
Suicídio

Caminhos
Direita, centro
Lado, Reto,
Faça uma curva suave
Morte

Vários nada
Marcas
Slongans
Led, Led, Led
Autoextermínio

Cabelo
Roupas
Meias
Sapatos
Abaixo do chão

O que tem pra comer?
Veneno
Terra
Dor
Decesso

Livros
Opiniões
Quanto vale a palavra?
Olhos, olhos e um ouvido
Autoquíria

Espelhos para quem?
Nua como não se pode ser
Verme que come a alma
Pele é roupa indecente
Autodestruição

Medo
Sono
Mente vulnerável
Corpo coberto de pó
Fim.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

domingo, 8 de maio de 2016

Socorro

Eu não sei quem sou eu
Tudo o que tenho é o meu corpo
Uma dor insuportável no peito vazio

Eu estou nua num deserto 
Andando como uma bêbada 
Num chão áspero
Eu não vejo nada

Não sei o que eu estou fazendo
Eu só queria te odiar
Queria querer te magoar
Eu nem sei se você sangra

Eu estou tão confusa
Socando os móveis da sala
Me debatendo e gritando
Afogo-me em minhas lágrimas

Eu quero que todo mundo vá se foder
Eu quero que você morra 
O que eu estou dizendo?
As girafas a minha volta não estão barulhentas

Eu não sei quem sou eu
O que eu sou?
O que estou fazendo?
Alguém me dê um soco forte, por favor

Calem a boca
Eu me lembro de você
Tão anestesiado 
Meu corpo arranhado e sangrando

Tudo tão confuso
Onde eu estou?
Alguém me tire de mim
Onde está você?