quinta-feira, 30 de julho de 2015

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Queria ser um vampiro, só pra nunca ver o como eu sou. Queria não ter forma, sexo ou som.
Não olhe pra mim. Não ouça minha voz. Só tenho letras e calor, não sinta nada além disso.

Ele

Hoje eu o toquei.
Meu coração o tocava também.
Seus cabelos e pele, era como tocar o som da felicidade.
Hoje eu o toquei.

As curvas de sua coluna.
Os traços de seu rosto.
Ah, natureza maldita.
Por que esculpiu tal beleza?

Eu senti sua pele morna.
Como o sol da manhã de inverno.
Ouvi a música que aquele corpo fazia.
Tão único e leve.

Os desenho dele.
Como suas roupas se acomodavam.
Tudo eu senti.
Meu coração sentiu também.

Ficaria uma vida vivendo aquele corpo.
Aquele corpo que não quer me sentir.
Aquele coração que não dança comigo.
Olhos que não me percebem.

E ele partiu,
Quebrando toda a ligação que nunca existiu.
Sem interesse em minha pele.
Apenas partiu.

Por que, maldita natureza?!
Por que criastes tal perfeição?
E por que, destino?!
Por que pôs no meu caminho algo que meu coração quer mas não pode ter?

Por que me punes com a maior das crueldades?
Arranca-me os olhos! Arranca esta pele. Tira de mim o coração.
Mas não permita que eu sofra os espinhos do amor.

Hoje ele me matou.
Matou também o coração que batia dentro de mim.
Sem a menor das cerimônias ele se foi.
Sem nem olhar para trás.

Hoje eu o senti.
Arrancar os trapos que estancavam o resto que tinha em mim.
Tão belo e único.
O golpe limpo me faz esvair lentamente.

As curvas que me deixam sem visão.
Os traços do precipício sem fim.
Ah, é como querer sobreviver no oceano de canoa.
Por que me deste tal fardo?

Hoje eu senti o céu.
Me avisaram que eu vou pro inferno.
Por que não me fizestes sem coração?
Por que não me arranca os olhos?

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Hurt

Por que não somos mais como nos primeiros 30 segundos?
Se olhar bem fundo em minha barriga vai ver que eu só quero fugir.
Toquei sua mão como se fosse seu corpo todo.
A essência do seu ser em um pedaço.
Você fez o tempo não existir.

Mas agora eu estou com medo.
O que acontece depois?
Lembra daquele silêncio? Estávamos só nós dois. Flutuando na neve quente.

Eu nunca vou poder odiar você.
Não como eu me odeio.
Como um quadro imperfeito, mas a única lembrança da felicidade.

Você distorce a minha bússola interna.
Eu jamais machucaria você.
Não como você me machuca.

Eu amo você.
Eu amo você!
Eu amo você?