quinta-feira, 9 de junho de 2016

Buracos no vento

Uma em um milhão
Uma de uma espécie
Uma de várias de mim

Meus osso espalhados pela mesa de jantar

Sem olfato
Ando esbarrando na vida
Tropeçando no meu reflexo

A cada hora crianças morrem

Mato-me
Aos poucos
Aos fatos

Sonhos numa bandeja privada

Sobreviver sem existir
Dedos num pote de conserva
A cor de mofo nos sapatos

A dor presa numa caixa

domingo, 5 de junho de 2016

Desabafo em verso

Você já tinha se livrado de mim antes mesmo de dizer adeus.
E eu disse adeus sem me livrar de você
Você continua no meu corpo
Você é as minhas memórias, meus pensamentos.

Eu não entendi o porquê de você ter chorado
Você achou a saída desse labirinto infernal
Eu deveria ter saído quando tive minha chance
Seria você a queimar agora, e não eu.

Me sinto autoinsuficiente
Você era tudo o que eu tinha
Uma promessa de nada

Você é só um mentiroso
Só um homem que usa as pessoas
Você só se importa com você

E então, por que estou me lamentando?
Você que devia chorar minha ausência!
Eu não acho justo eu estar aqui me fudendo.
Eu já achava nosso relacionamento uma merda há muito tempo,
Eu estava sofrendo bem antes de você notar isso!
Por que eu continuo me fudendo?
Por que você está aí seguindo em frente?
E eu estacionada, chorando por um merda, dispensando qualquer cara (e alguns eram bem mais bonitos que você!) pois ainda sinto algo por você.

Seu lixo de merda!
Eu te odeio
Me odeio por te odiar
Porque o ódio é o irmão gêmeo do amor
E eu queria sentir indiferença

Mas eu estou ouvindo músicas deprimentes
E falando como sofro pra todo mundo
Eu só quero esfregar na sua cara que estou bem
Mas isso é mentira


Entre vidros


Meus cabelos dançam embaixo d'água
E eu continuo caindo
A luz atrás de mim
Cada vez mais longe

Meus pulmões gritam
Desacelero
Desvaneço
Não sou mais sólida, sou solitude

Eu ainda posso ouvi-lo
Ele canta sobre uma época simples
Mas na queda não há percepção de tempo
O exílio de si

Apenas desabo
Enquanto olho você me apagar
Eu tento arranhar seu rosto
Mas você é a miragem através do vidro

Você pode me ouvir gritar?
Pode ver meu corpo tremer?
Se eu arrancar os meus olhos
Você os colocaria na estante?

Incomunicação
Eu continuo a sucumbir
Você me olha desaparecer
De dentro do seu aquario