quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Desculpe-me

  Devo desculpa pela minha falta de compreensão com você. Também, não sei como lhe acalmar. Não te entendo muito bem, mas eu te amo mesmo assim.
  Peço que tenha um pouco de paciência comigo, acho que vivi alguns traumas, não é nada com você, só tenho medo de algumas coisas se repetirem. Mesmo sabendo que você é tão diferente de todos do meu vergonhoso passado, e sabendo ainda, que você é tão doce comigo e nunca me machucaria, eu tenho medo. Desculpe, isso não sobre você, espero que compreenda.
  Às vezes, à noite, me pego pensando em coisas surreais e irreais, amanheço confusa e me emudeço. Acho que preciso chorar mais um pouco ou algo assim. Os pensamentos são sempre os mesmo, acho que estou presa à algumas coisas não resolvidas. Mas isso não é sobre você. Se eu pudesse te contar algumas, me sentiria tão melhor.
  Faz tempo que não pronuncio algumas palavras, mas elas estão me sufocando na minha mente. Eu não aguento andar levando essas bagagens inúteis. Já faz um tempo que você é meu único alívio. Acho que sinto a sua falta...
  As coisas estão melhores agora. O seu amor tem sido o meu alimento. E todos os dias eu me sinto tão errada, eu te amo, acho que não te satisfaço. Peço desculpa. Eu queria te ver sorrindo do mesmo modo que antes. Me sinto tão impotente.
  Eu tenho medo. Por favor me compreenda, eu não estou fazendo isso porque... Bem, eu não tive nenhum bom modelo ou experiência. Mas eu te amo, espero ter deixado isso claro. Eu prometo estar ao seu lado até que o infinito acabe.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Nuvens nos olhos

  O cheiro que a chuva deixou foi-me tão nostálgico. Vivi tantos dias na chuva, não sabia nem do que estava lembrando. É tão estranho o modo que a chuva deixa tudo tão cinza. E agora é quase dezembro, e a chuva de dezembro me é a mais nostálgica.
  Lembro dos meus aniversários na chuva, sempre chovia, lembro que meus olhos choviam também; não sei bem o motivo, deve ser algo do sótão da minha mente. Uma das melhores lembranças da chuva foi uma dança, um pouco desajeitada e tímida, foi um bom momento.
   Às vezes tudo está tão sujo e aí vem ela, mostrando que se pode lavar tudo. E onde eu estaria agora se não pudesse me lavar?
  Sinto a falta de algumas gotas, elas já se evaporaram. Esse ciclo é tão triste, mas ela irá voltar e novas lembranças talvez evaporizarão as velhas.
  Eu queria tanto voltar aos anos que eu ainda era pequena demais para entender o porquê. E saber.
  Ainda me sinto em um labirinto infernal, e eu peço chuva, às vezes eu paro e respiro, me sufoco, não queria estar aqui. Chova novamente, chova! E é tão difícil dizer. Me calo e peço que chova, mas se eu voltar molhada para a casa minha mãe vai brigar.
  Que a água me afogue então, me sinto tão morta. Talvez eu devesse parar. Eu não sei, eu só choro, sempre choro. Me sinto tão só. É dezembro e eu queria ser feliz. Me sinto tão triste. Porquê? Sempre chove, mas nunca é o bastante. Então cale as portas do sótão. "Fique quieta garota, você já é uma mocinha!" Me sinto tão só. Queria ser um menino. Meninos podem ser idiotas, porque homens são idiotas. Mulheres são oportunistas e meretrizes, e uma meretriz bem sucedida sabe se comportar.
  Porque eu nunca fui bela? Porque sempre me repreendem? Eu queria ser como elas. Eu queria ser uma aprendiz de meretriz. Uma escreva de elogios e espelhos, eu só queria ser bela. Mas só chove no meu aniversário. E ninguém se lembrou. Acho que me tornei uma escrava conformada. "É dezembro, lá vem o natal!" Eu só queria que alguém se importasse. É dezembro e eu estou chorando sozinha no meu aniversário, eu não sou bela, eu não sou uma garotinha doce. Estou olhando a chuva, acho que é a coisa mais linda que já me disseram.
  É, ela se lembrou, está sempre aqui, em todos os meus aniversários, a chuva nunca se esquece que é meu aniversário. Eu estou chorando com a chuva. É dezembro e ela se lembrou do meu aniversário.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Pôr

  Fazia um tempo que não pensava em você, desde o dia da minha morte. Mesmo assim, ainda dói, como se fosse ontem. E com todo mundo gritando o que devo sentir, me sinto confusa. E com quem eu falaria sobre as coisas que só eu entendo? Sinto medo quando lembro que as pessoas esperam atitudes minhas, acho que é melhor não decepcionar mais ninguém.
  Acho que estou mais frágil agora do que antes. Queria poder dizer isso à alguém. Está tudo pior que antes, e vê-la chorar tantas vezes em poucos dias... Acho que não aguento muito mais. Tentei pedir à Deus, mas acho que não me ouve, ou eu não entendo. 
  Não sei bem o que falar, mas só de tê-lo por perto me sinto menos só. Saudade. Agora eu sinto tanto a falta dele, como se não o visse à séculos. Eu quero chorar, só quero.
  Está tudo tão ruim, minha mente procura qualquer coisa que não me lembre a dor, não consigo me concentrar em nada por muito tempo. As vozes me dizem para ser forte. Mas meu rosto no espelho é tão feio, acho que ele reflete minha alma.
  Queria que ele pudesse ver meu lado bonito, mas não tenho muito o que mostrar. E acho que ele não vê nada, acho que ninguém vê nada, além da sujeira em minha roupa. É tão triste não conseguir se amar, e é ainda mais, quando parece que ninguém consegue também.
  Eu me sinto tão só. Eu sinto tanta vergonha de ver meu rosto no espelho, me sinto tão morta por ter poucas virtudes. Me sinto tão fútil, tão suja, tão só. Queria um sorriso espontâneo, e que ele dissesse que me ama e que sou importante. Isso me parece tão longe. Poderia ser melhor se eu me afastasse. Já me sinto tão só, não faria tanta diferença assim. É tudo tão belo lá fora...
  Me sinto tão só.