sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Contra você(s)

  Eu não sou assim; tão dada, tão aberta quantos seus livros favoritos, não sou assim tão puta. Não sou assim tão bonita quanto sua boca, não sou assim tão especial quanto a sua infância, não sou tão agradável como a sua mãe. Não sou assim, tão comunicativa quantos as propagandas da tv, não sou tão útil quanto papel higiênico, nem tão querida quanto as crianças.
  Não sou boa companhia, não sou boa ouvinte, nem conselheira. Não canto bem, não tenho peitos grandes, nem uma risada bonitinha. Não gosto muito de nada. Não sou como você, não gosto muito de como você é. Tenho problemas psicológicos e não acho-os bacana, você me mata mais do que guerras e nem imagina.
   Não gosto de pessoas putas, não gosto de suas putisses, não suporto suas caras de porno. Odeio tantas partes na sua personalidade quanto eu deveria odiar no meu corpo. Vocês dois são vadias, são vadias do mesmo bairro. Beijem meus pés, seus merdas!
   Eu vomitaria na sua cara se pudesse, porque eu te odeio! Eu odeio qualquer coisa em você só por odiar. Você é tão vagabunda quanto as minhas meias! Ah, como eu te odeio...  Eu odeio vocês três e nem estou bêbada.


  (Por que não me matam logo ao invés de me torturar, assim, tão friamente?... Será que podem ao menos perguntar o meu nome ou se eu almocei...?

  Eu não posso controlar a água ou vento, mas eu tento.
  Eu não posso nem controlar minha expressão, diante dessa situação.
 

  Eu sou um filho de gato na chuva, sozinho...
  Eu me sinto um mendigo sujo pedindo perdão à Deus por existir.
  Eu sou um grão deformado.
  Você não me sente, você nunca verá mais que minha superfície feia, porque você é assim.)

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Você(s)

  Este deserto infindável, este seu rosto tão corado, sufocado. As cores tão vivas... Seus olhos me avisam aos pouco, eu temo. Você é tão belo. Você me olha quase morto, o vento nos toca pela última vez, então você voa. Vooooooa...
  Minhas lágrimas evaporam antes de existirem. Eu... pedaço de mim também se foram. Abandono... Olho-o como se pudesse voltar. Aquela sensação... de que não é um sonho. Suas cores estão tão vivas. Eu grito sem som. Arrasto-te por toda a imensidão. Estávamos tão perto do longe. A mágoa, a culpa, a dor, o medo, a angústia me manteve em cores. Seus olhos... podem chorar?
  Empurrando montanhas, você... sem cores. Eu sou tão incapaz, insignificante.

  Eu te amo!
  Eu temo.
  Não me deixe sozinha.
  Por favor...

  Eu me sinto tão só.
  Nesse deserto tão morto.
  Onde ninguém me ouvirá.
  E você não está aqui.

  Sou tão pequena...
  Perto de você,
  Longe de você.
  Sozinha.

  Cada dia estou menor.
  Cada dia eu desejo menos
  Ver meu reflexo
  Ver meus tamanhos.

  Eu olho o seu corpo morto.
  Eu vejo minha alma morta.
  Eu temo
  Porque te amo.

  Me olhe, seu cadáver estúpido! Me olhe, seu monte de nada! Eu te mataria se já não tivesse feito isso antes.
  Me ouça, me veja além de seus desejo imundo! Essa sua alma imunda... Esses seus olhos mortos me enojam! Eu te odeio!!!
  Morra sozinho, não me arraste para seus túmulos imundos como seu espírito! Eu odeio o seu mundo! Você me faz sentir me pequena, você me diminui. Eu me perco em sua mente amaldiçoada.
  Me deixe em paz, já me bastaram os rasgos na minha alma, os rasgos no meu corpo. Esse fim de mundo que você me pôs para morrer só. Eu te odeio! Eu te odeio e você não se importa!
  Tanto faz se eu estou morta ou não. Se respiro ou não! Você só vê seu mundo limitado de merda!
  Eu odeio você... Quando você está aqui para me matar..
. Quando a sua voz me persegue.
  Eu odeio quando você está aqui parado como um cadáver, porque para você tanto faz. Eu morri para você. Eu sou seu troféu empoeirado na estante. Eu sou a vitória esquecida.
  Você me prometeu o paraíso que eu nunca vou ter. Você é nojento! Morra você e seus brinquedos imundos! Eu sei me magoar sozinha.
  Odeio você! Odeio eles! Odeio tudo aqui. Tudo o que é seu! Você é tão cruel. Você me faz morrer.




sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Suas prostitutas

Não quero ser uma daquelas mulheres que fingem não saber.
Afaste de mim essa boca de outras mulheres.
Tão vulgar, sujo.
Eu te olho com asco e pronuncio as mesmas palavras de ontem.
Você, tão vulgar, tão usado.

Não me toque, não me olhe.
Eu não sou um dos seus manequins excitantes.
Eu não sou sua prostituta.

Pensa que eu não poderia ir embora,
mas eu já cruzei outras portas,
eu sei o caminho de volta para casa.

Eu não tenho medo de sangrar.
Eu não tenho medo de ficar sozinha.

Eu já conheço a solidão.
Essa arma não me machuca mais.
Minha pele cicatrizada,
Minha alma suja.

Eu não dependo de seu desejo.
Essas cordas amarradas em meus punhos.
Eu não tenho medo!
Eu não estou presa.

Eu não sou dessa mulheres.
Que têm medo de ver.
Eu não sou dessas mulheres.
Que dependem de você.

Eu não preciso de fé
Ou de sapatos.
Eu não preciso
de concelhos de revistas.

Não vivo como escrava.
Não preciso que me critique.
Minha solidão é meu conforto
Meus paraquedas estão em mim.

Não olhe em meu rosto.
Se não quer me ver.
Não respire minha alma.
Não seque meus olhos.

Pode ir embora se quiser.
Vá com elas.
Vá com seus manequins.
Vá embora, por favor.

Eu não sou o que você quer.
Meu corpo não se acomoda nessa sujeira.
Meu corpo se inibe no vulgar.

Eu não quero dançar com alguém sem alma.
Eu não quero beijar lábios frios.
Eu não quero suspirar sozinha.

Meu corpo está acomodado no não-vulgar.
Você não pode ver.
Você se limita aos seus desejos imundos.

Meu corpo respira na pureza.
Meu corpo fala além de sua alma.
Minha alma respira além de seus desejos.
Meus desejos são mais do que carnais.

Você pode ter o que quer em qualquer lugar.
Nunca poderá ver minha beleza.
Aos seus olhos tão nula.

Eu nunca serei uma dessas mulheres
que fingem não ver.
Que mentem no espelho.
Que compram sapatos e revistas.
 para incumbir a alma vazia
o coração furado.

Minha alma dorme em sossego.
Meus desejos existem em suspiros.
Meu corpo num nu que você não vê.
Eu sou maior que seus olhos.


domingo, 27 de outubro de 2013

Inspire, criança

  Aquiete seu coração, criança; vigie seus pensamentos antes que eles te traiam. Nessa parede verde, escada, janela, uma lâmpada amarelada. Seus sapatos encardidos, duas ou três moedas; meias coloridas. Só observe, não pergunte! Aquiete seus pensamentos, criança; vigie seu coração antes que ele te traia!
  Você respirando devagar e profundamente, cada vez que chegava mais perto mais rápido. Parecia que ia espirrar ou morrer. Então ficou lento, como se fosse perder a única chance. Me olhava n'alma, me beijava com as mãos: quase um golpe, quase violento, quase doce, quase me beijava. Olhando paralisada, amedrontada, excitada. Você me contamina.
  Seus bolsos rasgados, seus pulsos quebrados. Na janela um crepúsculo, na boca suas mãos. Seus pés eram quentes, seu coração inquieto. Um teto cor creme meio amarelo, o peso do seu corpo, o peso de desejar. Em seu peito quente, sua mão em meus cabelos e a outra me esmagava, me aprisionava em seu corpo quente.
  Seus lábios tocavam minha pele, isso me arrepiava. Seus lábios dançam nos meus braços. Aos poucos, vocês me matava, me fazia sentir viva. Eu amei você, desde ali eu amei você. Seus lábios atrevidos, era quente, mas o rastro esfriava rápido. Parede verde, teto meio bege, duas moedas. Seus punhos contra o chão, sua cabeça acima de mim.
  Eu te olhava, nada era mais bonito que seu rosto. Seus cabelos impediam que a luz entrasse. Seus olhos perseguiam os meus. Você era quase transparente. Minha mente se aquietou ali, então você apenas deitou ao meu lado, respirava pesado. Era a poesia, seu corpo como música.
  Seus olhos dilatados. É noite agora. Lá fora; frio, quase nublado, cinco ou sete estrelas, uma parte da lua. Aqui fora; seus braços me embalavam. sua cabeça quente em meu ombro, seu peito quente em minhas costas. Era como se estivéssemos sozinho em marte. Uma paz, coração quieto. Você quase me beijou.
  Suas calças eram legais, mas eu amava suas meias. Seu corpo quente, sua boca quase me beijou. Um arrepio, duas moedas, oito estrelas, chão bege, árvores verde. Respirando e morrendo. Suas mão excitadas, olhos amedrontados e um suspiro como se fosse me perder.

domingo, 25 de agosto de 2013

Rainha B.

  Só estou procurando os pedaços do meu cérebro espelhados pelo tapete. O córtex pré-frontal ficou irreconhecível... Lamento que meu quarto esteja bagunçado, isso sempre me pareceu uma prisão suja. Quando eu usava meias-calças brancas eu era uma rainha, e todas as princesas se curvavam à mim. Eu era adorada pelo que era e não por uma coroa.
  Eu era a mais bela de todo o reino, eu controlava o vento, eu inspirava os poetas e os músicos. Meus cabelos negros eram o céu de todas as noites. Eu podia ouvir anjos e demônios, eu era cobiçada pelo céu e pelo inferno.
  Onde está todo o meu reinado agora? Quando foi que eu parei de usar meias-calças? Brancas que eu nunca vou contar à ninguém, havia sangue em minhas pernas arranhadas... Eu tinha certeza que eu alcançaria tudo o que eu vi, quando eu tinha sete.
  E as pessoas se apaixonaram pela criança que eu ainda tinha, moviam montanhas pela rainha. Mas ela se despedaçou pelo tapete, eu ainda procuro o coração dela. E quando eu olho no espelho eu só vejo vontade de voltar.
  A pequena rainha falava como se conhecesse cada pedaço do universo, ela cria nela mesma, ela era a mulher mais confiante do mundo e só tinha sete. Ela dançava em um mundo surreal e nada a afetava. Seus joelhos estavam arranhados e as mãos sujas, às vezes ela parecia um filho de camponês. Eu a amo mais do que meu próprio reflexo.
  Ela tinha tudo o que precisa, ela não precisava de nada. Ela foi a melhor rainha que já me governou. E tudo que ela fazia era seguir suas próprias regras. Não havia ninguém que pudesse governá-la. Era a pessoa mais teimosa de todo o reino... cada dia ela queria ter um nome diferente, havia dias que ela queria ser um gato e noutros ela só queria dançar.
  Ela adoeceu quando parou de se amar, quando parou de ser a mais teimosa do reino. Ela foi morrendo quando as fadas foram embora e quando percebeu que nunca se casaria com um super herói. Já não havia mais noites negras e danças. Todo o reino se desfez quando ela parou de acreditar nos seus discursos. As meias brancas estão todas rasgadas . E dela só restam os restos no meu tapete junto aos pedaços do meu córtex maldito.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Resto de reflexo

  Só estava com um pouco de desilusão, procurando dentro de si o que não se dá fora. Tendo memórias que não aconteceram ou se quer ousarão serem reais. Só estava desejando um passado, porque o tempo tem passado... e continuou desejando. Apenas desejos não saciam essa sede.
   Olhando o céu azul, vivendo a felicidade das pequenas coisas maravilhosas; era apenas imaginação, só desejos. Culpando a alma, culpando seus fragmentos, culpando seu reflexo por ser feio. Desaprendendo a ver o rosto, a se reconhecer, a se amar. Já há um estranho neste corpo, só desejos. Já não reconhece mais a boca que beijava, a mão que segurava e a mãe que amava. Não pulava mais as poças e nem dançava na chuva, não acariciava mais os braços como se não fossem seus. 
  Aos poucos os olhos morreram, aos pouco a boca não abria, os pés não sapateavam mais... 
  Procura-se um sentimento.
  Procura-se um uma alma de criança iludida.
  Procura-se um reflexo no espelho.
  Em meio a sujeira aquela criatura sujinha sucumbiu-se.

  Esperando o milagre, esperando o grand finale, talvez mais os aplausos. Mas não havia platéia, e, tudo o mais era apenas um monólogo morto. Era como um livro mal acabado. 
  Faltava apenas crer.
  Faltava lutar por si.
  Faltou chorar.
  Faltou sorrir.
  Faltaram situações ridículas.
  Faltou não se importar.
  Faltou importar.
  Faltou!


  E entregou a vida aos infernos como se não fosse jovem, e desistiu como se não fosse velho. 
  Desdenhou-se como se fosse um produto usado, usou-se como se houvesse mais, ouviu-se como se fosse surdo, surdou-se.

  E a chuva continuou a cair.
  As pessoas continuaram a morrer.
  O sol não se fez diferente.
  E aquele teco de espelho, aquele pedaço incompleto de vida, aqueles olhos imundos, aquela boca fria, aquela alma... continuou sem reflexo.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

.

  Tocando o meu rosto, há tantas imperfeições, uma pele cansada e triste. Meu corpo todo dói, e, apenas eu me importo com isso. Eu não vejo nada além de minhas obcecações. Ninguém é mais importante do que isso, nada é mais importante do que isso. 
  Vejo meus amigos indo embora, vejo minhas vaidades morrerem, meu amor se afinar como uma bússola. Alguns símbolos não significam nada para mim, não os sinto, não os vejo, não os amo. Se todos a minha volta morressem; eu não me importaria. Se todos me abandonassem, eu não me importaria. Porque eu já estou morta; eu já abandonei esse corpo, que uma alma fria governa. 
  Eu tenho um coração que não se importa, eu tenho olhos que interpretam, eu tenho um sonho e só isso. Eu poderia dizer que te amo, mas não estaria sendo sincera. E já faz um tempo que eu não me importo com vocês. Eu não chorei por vocês, eu chorei por mim, eu chorei por não ser, eu chorei por ser. 
  Agora, me torno o personagem que não esperava ser. Eu não me importo. Eu já me sinto só. E eu só preciso vencer. Eu só preciso estar lá. Eu quero ser prefeita. Mesmo que isso custe você, mesmo que isso me custe, mesmo que eu seja infeliz, tanto quanto eu já sou estando com vocês.
  Eu não posso fracassar, eu não posso ser como eles. Vocês nunca entenderiam. Vocês não sentiram isso. Vocês nunca o porque, vocês nunca s...
  Sentiram-se incapazes, nunca desejaram algo além. Nunca se sentiram aprisionados num corpo doentio, numa vida destinada ao inferno. 

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Meu amado G.

  Lençóis, lençóis. Lençóis sem fôlego. E eu posso sentir isso de novo, e é tão bom. Ah, o cheiro da falta de ar, e aquele sorriso de uma criança que aprendeu a voar. Tão longe de casa, estamos tão longe, somos jovens perdidos em sonhos e felicidade. O mundo aos nossos pés, nós somos o tempo.
  Parecemos dois bêbados, mas só estamos apaixonados. Nós dançamos e dançamos. Nós tocamos os céus. O resto simplesmente não existe, estamos drogados de felicidade. Transbordávamos, somos tão jovens; mais do que a um ano atrás.
  Deixe as cortinas caírem e mostre. Mostre-lhes a felicidade.
  Tudo ilógico, e quero sentir isso até meu corpo se decompor junto ao seu. Eu quero respirar o seu ar, eu quero nadar em seus olhos, eu quero dançar o que seu coração bate.
  Ah, ah.
  Eu poderia... Eu te amo. E você enche minha alma de sonhos. E eu quero fazer você sentir o que eu sinto, eu quero te dar o que você me dá.
  Eu te amo, e agora... Não sei.... Apenas me beije. Apenas, não... Eu te amo, tão puramente quanto o amor mais sincero que senti, e tão forte como esta paixão.
  Eu quero beijar-te para sempre, e adormecer em seus braços, e tocar suas mãos e ela o meu pescoço. Eu quero sentir até meu ultimo poro respirar esse amor.
  E me olhe, me toque, me sinta, me beija, me embriague.
  Eu quero dançar com você para sempre. Eu apenas te amo.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Sem

  Eu daria minha alma para ser você, eu venderia todas as minhas alegrias, eu daria todos os meus sentimentos especiais, eu daria o valor que tenho no coração de quem me ama, eu daria tudo o que de precioso me foi confiado. Eu faria qualquer coisa para ser como você.
  Mas quando acordo, minha alma ainda está aprisionada num corpo fraco e débil, quando me olho no espelho eu quero quebrá-lo. Numa mente doente, numa vida escrava.
  Eu gostaria de flutuar como você, de controlar o tempo como você, de poder tocar o céu, arrancando lágrimas dos olhos deslumbrados. Gostaria de dançar como um anjo, uma divindade perfeita. Gostaria de fazer sorrir como você, de ser um imensamente intensa e divertida. De ter seus troféus, de estar em seu corpo.

  Parece-me que já estou destinada ao inferno, que aqui será o prelúdio. Minha desgraça, uma diversão à algo maior. Me sentiria melhor se não tivesse existido, se não me fosse dado um sonho inalcançável.

  Ser o fracasso, como meus pais. De ver meus sonho no lixo. Sentir que é tardio.
  E vendo minha vida.
  Passando...
       Passando....
            Passando...
 

  E cada centímetro padece, cada lágrima chora a outra.

  O que eu não faria para ser como você!?

  Me sinto fragmentada, me sinto um erro. Eu olho para você, eu olho ele, eu olho o universo, e eu só sou um fracasso. Eu só sou uma mancha de caneta estragando um perfeito poema, eu sou apenas o que não se pode apagar. Me sinto uma palavra riscada.

  E quem? Quem me condenou?

  Eu me sinto triste todos os dias, todas as noite eu me sinto só e fraca.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Esperanças da má-fé

  Quero ver sentimento. Espero o momento em volte a ver os raros diamantes todos os dias.
  Eu vivo numa insatisfatória e medíocre realidade, em farrapos e bêbada. Cambaleando de um pensamento à outro, fugindo o tempo todo. Sou fraca, mas não quero aceitar isso, não resistiria. Tudo está bem. Continuando num ridículo estado de má-fé, interpretando mal personagens que desejo ser.
  Numa bolha nojenta e viciosa, que não consigo sair, que tenho esconder em minhas entranhas. Transformo meu corpo na muralha, dentro uma prisioneira com qualquer esperança de sair ou vista de um libertador.
  O problema às vezes é isso: esperar. Mesmo que chova hoje, não cairá água toda vez que tiver sede. Quanto mais se espera mais esperará. Até morrer de sede. Remendando-se o tempo todo, pois a fraqueza jamais poderá ser admitida.
  E todo dia, sem nenhuma compaixão, ser morta aos berros e ressuscitada aos murros. O que adiantará mais culpa? Disso já me basta a consciência e minha mãe.
  Acordando com esperança e dormindo com ela. Oh, maldita, bendita maldita. A esperança na preguiça é tristeza.
  Cada vez fica-se mais altista e dependente. Construindo forcas para si. Não se sente dor, sente-se uma leve sede. E o precipício àquela grande depressão. Cada dia um passo. Todo o dia eu sou infeliz. Mas tudo ficará bem, porque o importante é ter esperança!
  Não sei se mato-me hoje ou se me guardo para amanhã.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Buscando

  Desdobro-me como uma flor em seu ápice, tudo me puxa à murchar. Mas ainda restou forças, estouro todos meus músculos para manter em um mundo paralelo.
  Agora aqui. Tão cedo para morrer. Eu fui e não quis voltar, mas quis voltar. Isso é mais do que religião, não sei porquê o fiz. Não sei porquê. Mas me arrependi ou não. Mas só eu sei, então me sinto como um ladrão que se assusta com tudo o que move-se.
  Há alguém que possa me ouvir?
  Eu não me descreveria como um fracasso.
  Tive medo, mas me tornei.

  Como retomar o folego, é o que estou procurando. Não me sinto poeira cósmica e não me sinto num centro divino. Estou procurando sentir algo, estou procurando sentir meus olhos brilharem novamente. Pois todo dia e acordo e durmo, minha infância se esvai junto as noites, minha infância me tira o motivo de ter vida.
  Me olho no espelho, não sei se sou um 3 ou 7, mas estou procurando algo maior que isso, toda vez que me olho no espelho, eu procuro, mais do que números cruéis, um brilho. Procuro uma espada que vi, quando ainda tinha fé.

  Acho que todos procuram saber quem são, mas ninguém conseguirá ouvir até o final. Agora eu não estou preocupada com isso, eu quero de volta o que me foi roubado, eu quero meus tesouros perdidos, quero minha vitalidade, minha eternidade.
  Eu tive muito medo, mas eu cheguei até aqui. Não num triunfante trono e nem em glórias, mas cheguei com todos os membros. O próximo passo é retornar pelo mesmo caminho que me causa solidão e temor. E depois de conquistar o autorrespeito, apenas morrer. Agora não desejo um espaço na imensidão da lembrança, mesmo não amando o esquecimento eterno, quero morrer e renascer em minhas memórias, como um triunfante animal que seguiu seu curso inatural.

  Enquanto houver motivo haverá luta. E disso não quero me distanciar.

  Pois agora, as cicatrizes de ontem ficaram no ontem. E morreu quem tinha de morrer, e viveu quem tinha de viver. E agora eu sei que a dor não deve ser evitada. Agora que a infância se vai, eu deverei parar de chorar com um filhote de presa que atrai todos os lobos.
  Agora que matei a inocência e a beleza, só resta buscá-las e guardá-las, para poder ver além da penumbra e além de meus medos e cicatrizes. A empolgação infantil e a amplitude para todas as regiões.

  Além das verdades, eu olharei, verei tudo o que é belo de novo. Além do tempo eu permanecerei com minha alma jovem, mesmo que meu corpo se decline ao tempo. Eu estarei sempre viva e consciente. Com o melhor de duas vidas.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Ressaca de lembranças

  Caminhando em retas e curvas com a cabeça no lugar de um pé e o pé nos dentes. Andando em uma escultura contemporânea. O que é tudo, agora? Eu vi nuvens nuas criando nuances num céus negro de noite. Larguei meu corpo numa estrada perigosa, porque não entendia nada.
  Uma caixa cinza falou hoje que aquele homem velho morreu, mas quem era aquele bosta? Ontem eu morri numa estrada perigosa, amanhã você. Mas não usamos ternos, não estamos em caixas cinzas, mas em caixas de terras e flores, rumos ao inverno ou inferno. E meu corpo dança com um cadáver velho de terno com cheiro de poucas experiencias.
  Aquele garoto gordinho, que as biscatinhas da terceira série caçoavam, continuo gordinho e estranho. E nenhuma das biscates se casou com um boy band que morreu de overdose de qualquer coisa ilegal aos trinta e dois. Ele também não apareceu na caixa cinza.
  Às vezes eu sou um garoto gordinho com problemas de autoestima, outras vezes um velho com Mal de Parkinson. Mas isso porque eu não tenho amigas.
  Joguei um garoto no lixo ontem. Queria ter ficado até poder ver o caminhão de lixo o amassar, mas chovia embaixo do meu guarda-chuva.
  Aquela sensação de não ter ar nos pulmões. Hoje eu me sinto num copo de vidro ondulado, como se algumas pessoas me vissem maior do que eu sou, outras menores. Eu desafio a lealdade da sua mente. Sou apenas um poro na inconsciência. Subo e desço por todo o desenho. Mas nada é o suficiente.
  Com uma fiel estrela guia e uma bússola desregulada. Sou o oposto de dois opostos. Sou a alma sem rumo que corre a cidade nas noites de funeral, sou o morto na televisão, sou um garoto abominável com Parkinson, sou um copo contemporâneo inspirados em nuvens e nuances, sou a biscate deplorável de dez anos, sou as curvas retas na cabeça do pé, sou a boy band de terno com flores numa caixa cinza de terras. Tenho trinta e dez anos, dois domingos. Fui jogado no lixo por um caminhão e o guarda-chuva era amassado pelo inverno no inferno. A autoestima com problemas de amigas estranhas, sou ilegal ao poro da terceira série, me casei com aquele bosta que morreu ontem numa estrada perigosa, uso terno com cheiro de poucas experiencias de um cadáver sem ar nos pulmões. Seguindo uma bússola fiel e uma estrela desregulada, rumo a dois oposto da alma que corre a cidade no funeral do meu marido abominável. Sou apenas um poro na inconsciência.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Refrão de voo

  Num fluxo constante ele se movia. Seguindo cada segundo que o relógio gritava, era apenas mais uma engrenagem. Tão hipnótico, não podia se desviar o olhar e nem se lembrava que algo além dele tinha vida. Ele agia perfeito, em cada passo brusco, em cada suspiro.
  Como gatos procurando movimento, nós seguíamos, tão imortais, perto daquele corpo que recriava o universo e a vida. E nada é impossível. Escreverão odes à ele, o deixarão tomar o mundo, nos escravizou pelo movimento. Somos pequenas poeiras orbitando-o. 
  Remetia-nos a um quadro jamais pintado, era a voz das paredes, era o som das flores que caiam num caminho remanso. Terno, eterno. Nos roubava os olhos e a existência. Era olhar o infinito pela fechadura, de uma porta que jamais passaria. Nosso corpo apenas um corpo. 
  Ele abraçou-nos e soltou-nos, era um pássaro, e de repente um prisioneiro. Ele... ele voou, tão alto e caiu. Ergueu-se. Olhou para uma realidade oposto e voou novamente. Largou-nos, abraçou-nos. Eramos tudo e nada, eramos o vento, eramos o seu elmo, eramos... 
  E foi embora, como uma luz que se apaga e não se despede. Andando, voou pela última vez. Ele esvaiu, como se não fosse perfeito, como se não fosse nossa alma, não voltou para os aplausos. Agora o supremo, apenas uma memória gasta.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Monólogo

  Em vícios e vícios. Embebedei-me mais uma vez hoje. Fiquei vendo as coisas mudarem, as crianças crescerem, mas eu continuei observando. A depressão que a má fé me trouxe, oh, tão latejante, o tempo todo. Uma vontade de gritar, mas o corpo não respondia. Eu aceito, estava invejando todo mundo.
  Eu queria um pouco de cada um, mas só tinha um pouco de mim mesma. E a culpa disso é só minha. Infeliz.
  Com as calças manchadas e o sentimento de que não deveria ter saído da cama. Todo o tempo. Eu me sinto tão só o tempo todo, todo mundo é tão vazio quanto eu. Perdida na imaginação, continuo... Eu não ouço nada além de meus pensamentos. Tenho que me esforçar para entender os bom dias que dão-me, mas não lembro-me de ouvir nenhum.
  As horas tão mesquinhas passaram rapidamente. Acho que são 3 horas da tarde, ou da manhã, talvez dia 14, não me lembro se quinta ou terça. Todos os dias são iguais, menos os domingo; há algo de mais triste nos domingos.
  Uma incessante culpa, eu poderia ser melhor, mas tudo é tão maior. Me sinto tão... só, novamente.
  Um sorriso morto, em membros sem vidas e suas críticas só me matam. Poderia sorrir para mim? Todo tempo e todo espaço, nada de bom você me disse. Acho que tenho dois superegos odiáveis. Eles estão errados, todo mundo está.

  Eu me sentiria melhor sendo morta por alienígenas, hoje. Pensei nisso enquanto falavam comigo sobre mim ou outro assunto. Era um bom texto, que eu não li, ninguém leu, e ela vai morrer junto com seu livro. Mas quem era ela?
   Uns tão promíscuos que me dão nojo, outros também, mas só quando ninguém está olhando. Prostitutas e prostitutos numa vida, por todo o tempo. E em meio ao redemoinho, meu corpo estável e impuro rodeado de erros e prostituições. Lancei-me no mar, mas ele não me molhava. Não sinto mais frio ou calor, não sinto meus pés tocando o inferno.

  Queria ter tanto quanto alguns e tão pouco quando diversos outros alguns. Queria ser um pouco de todo mundo, queria ser qualquer outro alguém, menos algumas pessoas, não gosto de algumas pessoas.
  Me sinto tão velha e doentia, e nem cheguei aos 20. E quando chegar aos 60, me sentirei tão... morta. Eu só quero chorar, até lavar o passado todo. E continuar a choras até matar todo o meu corpo e ser apenas umas criança que não tem nem mais que poucos anos de erros.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Olherso

  Ele tinha dois olhos que cabiam o universo todinho, com um grande buraco negro no centro de cada um. Os olhos se afastaram de mim, lentamente. Não piscavam; nem demonstravam mais emoção do que uma grande depressão, daquela que a gente não sabe se tem fim ou não. Eu só podia olhá-los, emudecida, senti que contemplava a maior beleza do universo, que agora se esvaia, mas não tão tarde, era tudo o que eu tinha, na mente.
    Horas passavam e eu estava imóvel, absorta. Talvez por isso não vemos os anjos. A tontura tomava-me. Eu esta imóvel, mas só eu. O mundo todo era sugado por um ponto escuro. Vozes celestiais, ensurdeciam. Um Armagedom na minha cabeça.
  Podia ver apenas aqueles olhos.
  Uma dor tomava todos os meus membros.
  Me converti em energia.
  Eu não podia me mover.
  A minha volta, crianças rodavam. Mas eu só podia senti-las.
  Uma música incessante, de poucos acorde.
  Tudo o que eu tinha na mente era o universo.

  Não sei, uma dádiva.
  Uma angústia.
  Obcecada, fechei meus olhos.
  Lembrei, então, dos meus.
  Todo o universo agora morre.
  Foram três segundos eternos.
  Nunca os compreendi.

  Sinto que uma parte de toda a beleza se foi. Nada será mais belo que aqueles olhos. Foram só três segundos, mas me perseguiram por décadas de sonhos. E quando chegou a vez de minha vida ir, vi os olhos novamente, agora sorriam para mim. Senti a paz e a nostalgia de um bom fim. fechei meus olhos e não vi mais nada.


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Bocas cegas

  Falar uma sequencia de palavras, atuar é fácil para um mentiroso. E seguindo uma estrada que não acompanha seus desejos, suas fés.É tudo sem paixão, sem suspiros, sem dor de verdade. E tudo o que falta é rir, se pudesse rir agora, se pudesse ouvir.
  Sinta o frio da sua cova. Sinta! Grite, vadia miserável! Grite... Veja a seca de seu futuro e fogo que te aguarda na sua cova fria; foi você. Tudo acabaria com um "não". Mas segue sua trilha amaldiçoada, espiando pelos muros... Vivendo a incerteza.
  E aquelas bocas tão cegas, sempre te humilhando, você nunca será boa. E todo receio, agora arrependimento. Sorria. Sempre haverá alguém melhor, alguém que é reconhecido, e você não é. Sorria, vadia, você está quase chorando.
  De novo e de novo. - Você não desiste? Você não desiste? - E porque deveria? - É tão maior que você. O que você tem? Você não serve! Um lixo, é assim que você deve se sentir! É assim que se sentiu, todos os dias. Falsa modéstia, não se amar quando se olha no espelho e achar que ninguém poderia amar também.
  Mas toda manhã você acha que vai ser diferente, você acorda sorrindo, achando que tudo irá mudar, e que poderá sorrir por todo o dia. Mas você não ri. E torce para que um milagre aconteça. Porque talvez hoje...
  Um sonho, inalcançável talvez. Mas é o que te afasta da cova, é a paz para seu espírito inquieto. Acordou hoje, mas não o corpo e nem a alma. Foi dormir tão triste, tão sozinha. Aí se lembrou que risadas não confortariam agora, desejou um ombro quente e dois braços, porém dormiu sozinha, com um nó na garganta e uma consciência insatisfeita. Mas acordou sorrindo. Talvez hoje...